"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor."

Amyr Klink

sexta-feira, 28 de maio de 2010

BACUPARI E FAROL DA SOLIDÃO, JANEIRO DE 2007

Com tudo previamente planejado, o jipe abastecido e revisado, no sábado dia 20/01 acordei às 5:00h e às 5:25 já estava com o pé, digo, os pneus na estrada. A noite ainda fechada. Na falta de companheiros, decidi encarar a empreitada sozinho mesmo.

O destino desta vez era a região de Mostardas, no litoral do RS. O plano, rumar por asfalto, pela RS-040 e depois pela RST-101 até a localidade de Bacupari e então, seguindo pela beira do mar, atingir a Barra da Lagoa do Peixe, em Mostardas.

Acompanhar o amanhecer na estrada é uma experiência única. Porém desta vez a alvorada trouxe nuvens carregadas cobrindo totalmente o céu. O rádio sintonizado nas notícias do dia trazia uma previsão de tempo nada animadora – chuva e vento forte.....mas já estava na estrada, e quem sai na chuva é pra se molhar, portanto segui em frente sem me importar com as previsões e nuvens. Após 135km, muitos buracos no asfalto da RST-101 e pouco mais de duas horas de estrada, estava em frente à Lagoa do Bacupari, exatamente às 7:30h da manhã.

A chuva já tinha dado as caras de vez e ventava forte. O tempo se apresentava totalmente encoberto, permitindo poucas fotos.

Com a 4x4 acionada, peguei a trilha entre as dunas que leva da lagoa até a beira do mar, e chegando na praia pude perceber que meu objetivo de viagem não poderia ser atingido.....a chuva e o vento forte fizeram o mar subir, invadir a faixa de areia e levar as ondas até quase as dunas. Além disso com a chuva, formam-se vários pequenos “arroios” mais profundos na praia, desaguando no mar e que precisariam ser atravessados. Uma avaliação rápida da situação me fez perceber que seria muito arriscado seguir pela praia, ainda mais sozinho, sem poder contar com outro jipe para ajuda num eventual resgate. Sem opções, voltei à lagoa do Bacupari.

De volta à RST-101, antiga "Estrada do Infrno", decidi seguir, por asfalto mesmo, até Mostardas, apostando numa melhora do tempo. Mas infelizmente o tempo só piorou e acabei mudando mais uma vez meus planos. A chuva pesada não ofereceria condições de uma visita aproveitável à Lagoa do Peixe.
Decidi, pra não perder a viagem, dar uma passada na praia e Farol da Solidão. O acesso ao Farol da Solidão a partir da RST-101 é feito por uma estradinha aberta entre as dunas de areia. Chegando ao farol, estacionei o jipe e resolvi sair para uma caminhada na praia e tirar algumas fotos, apesar da chuva e do vento forte que insistiam em me acompanhar.

Como a maré havia baixado um pouco e o vento estava bem mais fraco, resolvi arriscar uma travessia pela praia, voltando do farol até o Bacupari, num trecho de uns 30 km. Andando em 4x4 e após rodar sem sustos por uns 5km, ao sair de uma “lagoa” que se formara na areia devido à maré alta da manhã, perdi embalo e o jipe agarrou.....sem insistir muito para não cavar mais, desci do jipe e avaliei a encrenca.....as quatro rodas enfiadas num terreno de areia fofa e instável, chuva forte, a maré alta chegando vez por outra quase até onde o jipe estava.... maravilha !
Entrei no jipe, engatei a reduzida e resolvi tentar, afinal não tinha muitas opções....reduzido e acelerando beeeeeeeeeem de leve, primeiro para trás, depois para frente, consegui movimentar o jipe até que bingo ! O Vitara ganha tração e sai na boa do atoleiro. O susto chamou o meu bom senso de volta e resolvi abortar a travessia. Voltei ao Farol da Solidão e tomei novamente o acesso à RST-101 em meio às dunas.

A chuva da última hora transformou a trilha de areia num atoleiro digno da Estrada do Inferno, com muito barro e atoleiros enormes. Os 5km foram vencidos em 4x4 reduzida, com muita adrenalina e diversão, o verdadeiro tratamento anti-stress !
De volta aos infiniros e perigosos buracos da RST-101, não me restava mais nada a não ser tomar o rumo de casa........a chuva não dava trégua e mostrava que tinha vindo para ficar.

Voltei um pouco frustrado por não atingir o objetivo final do meu passeio. Mais uma vez a Lagoa do Peixe ficou só nos planos. Por outro lado a chuva e o vento trouxeram oportunidades únicas – os atoleiros, as praias completamente desertas, o vento frio, a sensação de paz. São estes momentos raros que fazem a vida valer a pena.

2 comentários:

  1. Olá, procurando uma foto do farol encontrei seu blog, gostei de conhecer e ver sua aventura, é uma pena, mas volte, na próxima dá certo. Tenho uma foto de nós atravessando essa lagoa, tivemos que pagar um pescador para nos ensinar o caminho. Não achei graça na travessia morria de medo de cair num buraco, passamos 4 vezes uma de fuca, depois de camionete e a ultima de carro pequeno ela estava tão seca que não chegava ao meio do pneu.
    Até, tenha um ótimo feriado.

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  2. Bacupari, um lugar onde ia com minha família quando pequena... Não existia quase nada lá, e hoje, voltarei lá para passar o Reveillon ao lado de quem amo, novamente. :)

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