"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor."

Amyr Klink

terça-feira, 7 de agosto de 2012

ANTÔNIO PRADO, JULHO DE 2012


  Antonio Prado, distante 180 km da capital Porto Alegre e 50 km de Caxias do Sul, se denomina a “Cidade Mais Italiana do Brasil”.
  Frases de efeito e slogans marqueteiros à parte, o fato é que a pequena cidade de Antonio Prado, encravada nos altos da Serra Gaucha a 650m de altitude e com população de 12.800 hab (2010), tem como seu maior atrativo o conjunto de construções históricas tombadas pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde a década de 1990.
  E foi para conferir as construções históricas e absorver um pouquinho da cultura dos imigrantes que subi a serra e fui conhecer Antonio Prado.

Um pouco sobre as origens do município de Antonio Prado:

Simão David de Oliveira foi o primeiro cidadão que, por volta de 1880, se estabeleceu na margem direita do Rio das Antas. Viera a pé de São Paulo, penetrando no território gaúcho por Vacaria. A seguir, desceu até o Rio das Antas, donde prosseguiu caminho até encontrar um lugar aprazível para construir seu rancho. Era o único trecho de terras planas, junto a foz do Rio Leão e do Arroio Tigre, por onde depois, em princípio de 1886, foi aberta a primeira picada que dava acesso a nova colônia italiana chamada Antônio Prado. Essa picada conhecida como Passo do Simão teve seu nome escolhido em homenagem a Simão David de Oliveira.

Antônio Prado foi a sexta e última das chamadas "antigas colônias da imigração italiana", e foi fundada em maio de 1886. Apartir daí, criada a nova colônia, começaram a ser destinadas verbas públicas para abertura de estradas, construção de balsas, medição de terras, construção de barracões, transporte e acolhimento dos colonos.
Apesar dos importantes acontecimentos políticos pelos quais o país passava, como a proclamação da República e a Revolução Federalista em 1893, não houve interferência no processo de implantação de imigrantes em terras devolutas e cobertas de matas da Serra do Rio das Antas.
A revolução de 1893, agitando violentamente quase todos os recantos do estado, pouco podia interferir numa colônia recém-fundada, alcandorada entre paredões, sem estradas, animais de transporte e sem outros recursos econômicos, humanos e financeiros.
Deixando de lado as agitações políticas que abalavam o país, a inspetoria e as comissões de medição de lotes e as de terras e colonização, prosseguiram seu patriótico trabalho de estabelecer mais de mil famílias no território do atual município de Antônio Prado.


  Para se chegar a Antonio Prado a partir de Caxias do Sul, o caminho natural é seguir pela RS-122 por estrada asfaltada e bem conservada.
  Eu optei por um caminho diferente, muito mais interessante e longo, perfeito para quem está a passeio, sem pressa de chegar ao destino.

  A partir da RS-453 ou “Rota do Sol”, próximo ao acesso aos pavilhões da Festa da Uva, entra-se à esquerda para seguir pelo roteiro chamado de “Caminhos da Colonização” - http://www.floresdacunha.com.br/turismo.php?c=50 - cruzando as regiões rurais de Caxias e Flores da Cunha, passando pelas localidades de Santa Justina, Otavio Rocha e outros até sairmos na estrada que nos leva ao pequeno município de Nova Padua.


   Por este caminho, passamos por pequenas igrejas e capelas, singelos capitéis à beira da estrada, fazendo lembrar da fé e religiosidade do imigrante italiano, e como não poderia deixar de ser , muitos parreirais, por todos os lados.



  Como estamos em pleno inverno, os vinhedos estão secos, e o visual é completamente diverso do que se veria durante o verão quando o verde volta e os cachos de uva brotam impregnando o ar com seu inconfundivel aroma. É um passeio que sem sombra de dúvida vale a pena refazer durante a época da vindima, da colheita da safra da uva, nos meses de janeiro e fevereiro.


  Em Nova Pádua a dica é o almoço no Restaurante Panoramico Belvedere Sonda, onde se tem uma maravilhosa vista do Rio das Antas. O cardápio é o tradicional “almoço colonial italiano”, ou seja massas, polenta, queijos, copa, galeto, costelinha de porco, saladas, etc etc.


  O caminho segue agora descendo as encostas da serra em direção ao Rio das Antas por uma estradinha de terra estreita mas bem conservada até o “passo” onde cruzamos o rio conduzidos por uma pequena e inusitada balsa movida pela força do braço humano e auxilio de alavancas e cabos de aço, nos proporcionando uma travessia tranquila e deliciosamente silenciosa pela ausência completa de ruido de motores.


  Uma vez na outra margem do rio, segue-se subindo por 7 km de estradinha de terra até a pequena cidade de Nova Roma, passando no caminho pelo mirante da Usina Hidreletrica Castro Alves.


  De Nova Roma segue-se por mais 28 km de estrada nova de aslfalto até finalmente chegarmos ao destino final, a cidade de Antonio Prado.

  A cidade de Antonio Prado em si é bastante pequena e calma, e as atrações estão concentradas basicamente em algumas quadras da avenida principal e no entorno da igreja matriz. Portanto, a pedida é estacionar o carro e percorrer a pé a avenida principal admirando as construções históricas tombadas e de modo geral muito bem preservadas e mantidas.


  Para hospedagem, existe dois hotéis na avenida principal, e mais algumas pousadas em estilo “pousada rural” no interior do município.
  Eu optei pelo Hotel Pradense - http://www.hotelpradense.com.br/, excelente opção em termos de custo x beneficio, limpo, aconchegante, e suficientemente confortavel, sem luxos. Os quartos do sótão tem um “charme a mais”...e vale a pena pedir por um ao se registrar com o atencioso pessoal da recepção.

  Devidamente instalado, hora de explorar a cidade com a câmera na mão em busca das melhores imagens do casario colonial. Muitos destaques, muita coisa bonita para fotografar.


A igreja matriz:



A prefeitura municipal;


As belas construções históricas:







A Casa Palombini, que abriga uma farmácia, é uma das poucas construções históricas construídas em alvenaria;


Em cada casa, uma placa contando um pouco da história por trás das paredes centenárias;


Esta é provavelmente a mais conhecida e certamente uma das mais bonitas, Casa Bocchese ou “Casa da Neni”, onde hoje no piso térreo há uma pequena loja de artesanato local que vale a pena conhecer e claro levar umas lembrancinhas.



A “Società del Mutuo Soccorso”, pioneira espécie de instituição de apoio ao imigrante;


Esta é uma das que mais gostei;


  Finalmente, saindo de Antonio Prado em direção à RS-122 vale a pena percorrer outro caminho alternativo, chamado de “Caminhos da Imigração”, onde cruzamos com mais exemplares de construções da época da colonização da região, encerrando com chave de ouro o fim de semana na "Cidade Mais Italiana do Brasil".




3 comentários:

  1. Resolveste seguir minha sugestão (rsrsrs) e conhecer essa linda região?

    Tomaste ao menos uma vez o Capeletti in Brodo?

    Abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Gil, segui muitas de tuas dicas neste passeio, que sem dúvida superou minhas expectativas.
      Antônio Prado é um destino muito legal, tranquila, e as casas do centro histórico um show a parte.

      Não tomei o capeletti......ficou para a próxima visita, mas segui tua indicação e me hospedei nos quartos do sótão do Hotel Pradense :-)

      Excluir
  2. Em 2005 e novamente agora em 2013 em uma visita mais completa em Antônio Prado e Linha 21 de Abril pude ver mais detalhadamente os encantos dessa cidade. Gerou uma série de 4 posts no meu blog...

    ResponderExcluir