"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor."

Amyr Klink

domingo, 3 de fevereiro de 2013

URUGUAI, JANEIRO DE 2013, 3º DIA - CABO POLONIO


  Nosso terceiro dia de viagem começou cedo. Após um saboroso café da manhã servido pela simpática recepcionista de nosso hotel, pegamos o carro e voltamos para a estrada. O plano do dia era conhecer o Parque Nacional de Cabo Polonio, distante cerca de 50 km, ou 45 minutos, de La Paloma.

  Seguimos pela Ruta 10 em direção norte, ou seja retornando em direção à fronteira do Brasil, até a entrada do Parque Nacional de Cabo Polonio. Chegando lá, deixamos o carro numa área de estacionamento muito bem organizada e com direito a sombra (paga-se 130 pesos, algo como 13 reais pela diária no estacionamento) e entramos na fila para pegarmos a condução que nos levaria até Cabo Polonio.

  Algumas informações rápidas e básicas sobre o Parque Nacional de Cabo Polonio podem ser acessadas aqui:

  Após a entrada do Parque Nacional, não existem estradas para Cabo Polonio. O acesso é feito cruzando um extenso cordão de dunas de areia e depois rodando alguns quilômetros pela beira da praia.

  Carros normais não chegam lá, e mesmo que você tenha um 4x4 não poderá seguir adiante, pois o acesso à área do Parque e à vila de cabo Polonio é restrito aos veículos autorizados para o transporte de turistas.
É preciso pagar 170 pesos uruguaios (algo como 17 reais) por pessoa para seguir num dos diversos caminhões 4x4 licenciados para a travessia.


  Os caminhões 4x4 são uma atração e “espetáculo” a parte. Parecem ter sido retirados de algum ferro-velho de artigos da Segunda Guerra Mundial e reformados para carregar turistas, todos sem exceção muito velhos, precários, barulhentos, mas coloridos e divertidos. Não se pode esperar conforto, mas o clima de “safári” e aventura compensa plenamente.


  A travessia das dunas até a vila de Cabo Polonio dura cerca de 30 minutos, e neste período o turista segue na carroceria dos caminhões, sacolejando em meio à trilha de areia.

  Chegando a Cabo Polonio, a dica é seguir pela beira da praia até as pedras onde se avista uma colônia de lobos marinhos, junto ao farol. Estas são as duas grandes atrações de Cabo Polonio na minha opinião, os lobos marinhos e o farol.


  A vila de Cabo Polonio lembra um pouco Punta del Diablo pelo estilo “hippie” e pela simplicidade alternativa das casas e pessoas por lá, porém num “clima” ainda mais natural e muito tranquilo, sem o agito que vimos em Punta del Diablo. O acesso restrito de veículos sem duvida ajuda muito neste sentido.


  Em Cabo Polonio, boa parte das pequenas casas não tem luz elétrica, os restaurantes e algumas casas mais equipadas possuem geradores de energia, e a impressão geral que se têm é de se estar numa vila perdida na beira do mar. Barulho, só o do vento e esporadicamente dos caminhos 4x4 que chegam e partem levando os visitantes. Paradoxalmente, em alguns restaurantes e banquinhas de artesanato se pode pagar com cartão de credito e se tem acesso a internet !

  Caminhamos contornando a praia até a colônia de lobos marinhos, onde avistamos uma quantidade incrível destes enormes animais. É sempre uma experiência fantástica poder avistar animais em seu habitat natural, livres na natureza, sem as tristes grades de uma jaula de zoológico.  Ali não é diferente. As rochas, o mar, o vento, os lobos marinhos, cada detalhe compõe um cenário que impressiona e deve ser apreciado sem pressa.


  Sobre as rochas, centenas de lobos marinhos dividem o espaço que por vezes fica pequeno, e isso certamente gera alguns “atritos”. Nos divertimos muito com as constantes brigas entre os lobos marinhos, que invariavelmente resultavam em um lobo marinho mais fraco fugindo e se atirando ao mar em meio aos gritos e urros dos demais animais envolvidos na contenda.

  Ao lado da colônia de lobos marinhos está localizado o Farol de Cabo Polonio. O farol foi construído em 1881 é um espetáculo a parte. Muito bem mantido pela “Armada Nacional”, o farol tem acesso permitido mediante o pagamento da módica quantia de 20 pesos (2 reais). 






  Vencida a cansativa escada de acesso ao farol, lá de cima temos uma vista privilegiada de toda a vila de Polonio, das praias e dunas, do mar, da colônia de lobos marinhos. O vento no alto do farol impressiona. As paisagens mais ainda. Dá vontade de esquecer o tempo e passar horas contemplando o cenário impressionante. Subir o farol é atividade OBRIGATORIA para quem vai a Cabo Polonio, sem discussão.








  Após a demorada visita ao farol, fizemos mais uma caminhada pela vila, curtimos um pouco a praia, compramos algumas lembrancinhas nos artesanatos e finalmente às 16:00 h pegamos o caminhão de volta à área de estacionamento.

  Resumidamente, Cabo Polonio VALE MUITO A PENA, foi o passeio mais interessante, divertido, diferente e bonito que fizemos na costa uruguaia. Para quem visita o Uruguai, deixar um dia na agenda para conhecer Cabo Polonio com calma é fundamental. É um pecado imenso que muita gente entre no Uruguai pelo Chui e siga direto a Punta del Este ou Montevideo e ignore esta atração incrível que é Cabo Polonio.


  Após deixarmos Cabo Polonio, seguimos pela Ruta 10 de volta a La Paloma, fazendo um desvio rápido poucos quilômetros antes de chegarmos para conhecer o pequeno e requintado balneário de La Pedrera, localizado bem ao lado de La Paloma.

  Acabamos chegando a La Paloma em torno de 18:00 h e somente passamos no hotel para um rápido banho, pois queríamos ainda conhecer o farol de La Paloma e curtir o pôr do sol.


  O Farol do Cabo de Santa Maria em La Paloma foi inaugurado em 1874. O acesso ao topo também é tarifado em 20 pesos, e lá de cima avistamos toda a pequena cidade de La Paloma, o porto e as praias próximas num visual de deixar qualquer um boquiaberto. 







  Mais uma vez curtimos MUITO a subida ao topo do farol, e aqui também passamos um bom tempo admirando a paisagem, o mar e o vento forte do final de tarde.




  Ao descermos do farol, preparamos nosso clássico chimarrão e fomos presenteados mais uma vez com um pôr do sol memorável, provavelmente o mais bonito de toda nossa viagem. 


  Com muita alegria nos despedimos do pôr do sol de La Paloma, cientes de que o próximo dia nos traria novas e diferentes paisagens.



  Nossa viagem até aqui havia sido um sucesso, tudo corria perfeitamente dentro do planejado, sem sobressaltos, imprevistos e correrias, e nestes dois dias em solo uruguaio já havíamos visto coisas suficientes para fazer valer a pena a viagem, e ainda tínhamos muito pela frente !

  Após o pôr do sol, jantamos uma pizza bem simples num restaurante na avenida principal de La Paloma, assistimos a um divertido teatro de bonecos apresentado numa das praças próximas, e retornamos ao hotel para encerrarmos as atividades do dia.

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