"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor."

Amyr Klink

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

MENDOZA, CORDILHEIRA DOS ANDES, DEZEMBRO DE 2013, 4º DIA

4º dia, sábado, 07 Dez 13


   Os dois primeiros dias de viagem em Mendoza foram incríveis e dedicados às atrações na montanha. Vi muita coisa bonita, calor, frio, vento, paisagens desérticas, neve.
  Para o sábado o foco de atenção mudou, e o plano era dedicar o dia para conhecer a outra grande atração turística de quem vai visitar a região de Mendoza, as vinícolas ou “bodegas” como são chamadas por lá.

  As vinícolas da região de Mendoza podem ser agrupadas em três roteiros distintos e mais ou menos distantes entre si, Maipú, Luján de Cuyo e Vale de Uco, cada qual com características particulares que podem ser vistas aqui:    http://www.malbecsymphony.com/regioesvitivinicolasmendoza_po.asp

   Maipú é a região mais tradicional e abriga as bodegas mais antigas. Fica em torno de 20 km do centro de Mendoza, e tem como maiores destaques as bodegas Trapiche, La Rural e Familia Zuccardi.

   Luján de Cuyo é o “Berço do Malbec”. Está localizada na parte alta do Rio Mendoza a 20 km da cidade, bem na junção da Ruta 40 (RN40) com a RN7. As bodegas de maior destaque na região são Catena Zapata, Chandon, Luigi Bosca e Ruca Malen. Das três regiões produtoras, Luján de Cuyo foi a única que não visitei.

   Finalmente a terceira e mais distante região, Vale de Uco. Localizada a 100 km de Mendoza, a região fica aos pés da Cordilheira dos Andes, entre 800 e 1200 metros de altitude, e abrange os “departamentos” (municípios) de Tupungato, Tunuyan e San Carlos. Mais recente das três regiões produtivas, Vale de Uco abriga empreendimentos modernos, extensos e impecavelmente cuidados, e devido a suas características climáticas e de altitude, é a região eleita para a produção de vinhos de maior qualidade - http://www.premiumwines.com.br/regiao_olha.php?reg=38

A paisagem dominante do Vale do Uco, vinhedos e os Andes 

    Vale de Uco é meu destino para o dia 4º dia em Mendoza. Saindo da cidade pela ótima RN40, segue-se até o acesso a Tupungato, de onde prosseguimos por estradas secundárias até a região das bodegas, alguns quilômetros adiante de Tupungato. A primeira visitação (e a melhor de toda a viagem) foi à Bodega Salentein.


    As visitas guiadas ocorrem de hora em hora, ao custo de 60 pesos, e levam o visitante a uma caminhada por entre os impecáveis parreirais para em seguida conhecer o processo produtivo, a adega e finalmente encerrar a visita de 1 hora com uma deliciosa degustação de uma seleção de vinhos da empresa.


Vinhedos da Bodega Salentein

   Os grandes destaques da visita à Salentein são o cuidadoso tratamento visual de toda a área da bodega, o cuidado quase obsessivo com a qualidade durante a produção do vinho, e claro a adega que está localizada a 11 metros abaixo do nível do solo, e onde há uma espécie de “anfiteatro” com direito a piano e tudo. É neste lugar, abrigado do calor e da luz, que ficam envelhecendo em barris de carvalho os vinhos produzidos pela bodega.

Na adega da Salentein a surpresa de um anfiteatro 11 metros abaixo do solo


A cave da Salentein, impregnada do delicioso aroma do vinho

  Encerrada a visita à Salentein, iniciei o retorno a Mendoza. No caminho existem várias bodegas interessantes que também valem uma visita.

   Passei rapidamente pela Bodega Andeluna, uma bodega menor que a Salentein mas de tratamento visual ainda mais apurado, com um cenário lindo de seus parreirais contrastando com as montanhas nevadas no horizonte. 

Centro de Visitação da Bodega Andeluna, tratamento visual de primeira


   Como engenheiro mecânico, não pude deixar de perceber o engenhoso e tecnológico sistema de válvulas automáticas que fazem o controle da irrigação dos parreirais, item vital para o bom desenvolvimento da uva neste solo tão seco e clima tão árido.

Sistema de irrigação automática

Vinhedos da Andeluna com Andes no horizonte

   Outra visita rápida apenas para fotos foi à bodega Alto Agrelo / Vignes de Andes, já bem próximo a Tupungato.


Reparem na aridez do solo...


Sistema de condução em espaldeira, prioridade para alta qualidade da uva, e proteção contra o sol mas principalmente contra chuva de granizo

    Ainda junto à estrada que liga Tupungato à RN40 outra atração é uma estatua do Cristo Redentor. O acesso é feito por uma estradinha bem tortuosa até o topo da montanha, mas o visual lá em cima compensa.


    De volta a Mendoza segui diretamente ao centro da cidade, onde fiz um tardio almoço às 16:00 h em um dos muitos restaurantes do calçadão da Peatonial Sarmiento. Após o "almoço" fui conhecer a bonita Plaza Independencia, caminhei um pouco mais pelas ruas centrais da cidade e retornei ao hotel para descansar e me refugiar do calor intenso.

   No finalzinho do dia (nesta época do ano o sol se põe depois das 21:00 h em Mendoza) fui passear e conhecer o Parque General San Martin.

   O Parque San Martin é imenso, existem diversas avenidas que cortam o seu interior, tudo é muito bem cuidado e bonito. Interessante notar que o pessoal evita exercícios físicos ou mesmo passear no parque durante o dia, então antes das 20:00 h tudo é meio “morto”, a coisa começa a ficar movimentada após as 21:00 h e o “pico” mesmo acontece somente após as 22:00 h que é quando os mendonzinos saem para jantar e curtir a noite de temperatura mais amena.

   Muitas famílias chegam de carro ao parque lá pelas 23:00, 24:00 h, estacionam o carro junto aos gramados e montam o piquenique noturno com direito a mesinhas, cadeiras, etc. Incrivelmente, tudo acontece em um clima de muita tranquilidade, ninguém abusa do volume do som nos carros, parece que o bom senso e respeito à paz do próximo ainda existem por aqui...se fosse do Brasil, a insuportável guerra de som dos carros já estaria dominando o ambiente L

   Após caminhar bastante pelo parque, jantar um imenso sanduíche e beber duas cervejas "Andes" (ninguém é de ferro e afinal estou de férias ), retornei ao hotel para encerrar o dia.




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