O município de Rio Pardo, localizado a 145 km de Porto
Alegre, é um dos quatro mais antigos do estado do Rio Grande do Sul. Estabelecido
por volta de 1750 e elevado à condição de freguesia 20 anos depois, tem como
principal atrativo turístico sua arquitetura colonial de influência portuguesa.
O caminho até Rio Pardo, para quem sai da capital gaúcha, é
feito seguindo pela BR-290 até Pantano Grande de onde se segue pela BR-471 até
a sede do município. Para quem vem da região dos vales ou do serra, o caminho é
através da RS-287 passando por Santa Cruz do Sul.
Histórico:
No século XVIII Portugal empenhava-se em expandir suas fronteiras ao sul de sua colônia americana. As terras que hoje formam o Rio Grande do Sul deveriam pertencer à Espanha, mas, atraídos pelo comércio na região do rio da Prata e pelo gado xucro existente nos campos gaúchos, os portugueses as disputavam com os espanhóis.
Para resolver este e outros problemas em suas colônias, em 1750 as duas nações ibéricas assinaram o Tratado de Madri. Para marcar as novas fronteiras, o governo português providenciou a instalação de um depósito de armas e munições na margem esquerda da confluência dos rios Pardo e Jacuí. Em 1752, este depósito foi transformado no Forte Jesus-Maria-José.
Os conflitos eram constantes na região. Os primeiros habitantes eram índios da Tradição Tupi-Guarani, que se viram envolvidos nos conflitos entre os europeus. Procurando por segurança, a população civil que já circulava, formada principalmente por tropeiros, comerciantes e açoriano, começou a aproximar-se da região do Forte. Esta foi a origem da cidade de Rio Pardo.
Os anos seguintes foram de muita insegurança. Os índios catequizados pelos jesuítas espanhóis recusaram-se a abandonar a região dos Sete Povos das Missões, que pelo novo tratado pertenceria a Portugal, e causaram a Guerra Guaranítica. Rio Pardo era então a fronteira dos domínios portugueses e seu Forte foi reforçado. Em 1756 os índios foram derrotados e em 1761 o Tratado de Madri foi anulado.
A partir de 1763 os espanhóis resolveram retomar as terras gaúchas já conquistadas pelos portugueses. Tomaram a colônia portuguesa do Santíssimo Sacramento, no Uruguai, conquistaram Rio Grande e investiram sobre Rio Pardo, planejando reconquistar toda a Capitania de São Pedro. Porém, não conseguiram tomar o Forte Jesus-Maria-José e tiveram de recuar. Neste período, o Forte de Rio Pardo recebeu a denominação de “Tranqueira Invicta”, por nunca ter sido derrotado. Em 1769 o povoado foi elevado à condição de freguesia de Nossa Senhora do Rosário. Em 1787 a produção de gado da região de Rio Pardo era a maior do Rio Grande do Sul. Finalmente, em 1801 definiram-se as fronteiras do Rio Grande do Sul, quando Manoel dos Santos Pedroso e José Borges do Canto partiram de Rio Pardo para conquistar a região das Missões.
Em 1809, com a conquista consolidada, o governo português promoveu a primeira divisão administrativa do Rio Grande do Sul, com a criação das quatro primeiras vilas: Rio Grande, Porto Alegre, Rio Pardo e Santo Antônio da Patrulha, sendo Rio Pardo a maior delas, com uma área de 156.803 km². A Vila de Rio Pardo era próspera, devido à produção da pecuária e ao comércio, desenvolvido graças à sua localização, às margens do rio Pardo. Aos poucos, a zona urbana foi recebendo melhoramentos: agência de correios, calçamento de ruas, criação de escola de primeiras letras. Em 31 de março de 1846 a Vila foi elevada à categoria de cidade.
Hoje, Rio Pardo é uma cidade que apresenta as marcas positivas deste intenso passado histórico. Marcas evidentes, expressas no seu patrimônio arquitetônico, formado por inúmeros prédios construídos em sucessivas épocas, e pelo patrimônio cultural de sua rica história. São características históricas que representam um grande potencial turístico que, bem explorado, reverte em benefícios econômicos para toda a sua população.
Texto: Professora Silvia Barros.
Departamento de Pesquisa Histórica - Arquivo Histórico.
Fonte: http://www.riopardo.rs.gov.br/site/home/pagina/id/111/?HISTORIA-DE-RIO-PARDO.html
As melhores atrações turísticas da cidade estão localizadas
na região central, então a dica é estacionar o carro e percorrer a pé as
centenárias ruas de Rio Pardo. Um bom local para começar a caminhada é
estacionar o carro na avenida principal (Andrade Neves), junto ao prédio
conhecido como Solar dos Panatieri.
O Solar dos Panatieri hospedou D.Pedro II quando de sua
segunda visita ao município, em 1865, e hoje abriga um espaço cultural. Ao lado
do Solar dos Panatieri se encontra aquela que é considerada a primeira via
pavimentada do estado gaúcho, a Rua da Ladeira, datada do ano de 1813.
Rua da Ladeira
Utilizando o trabalho escravo, segue o modelo da Via Appia de
Roma, onde temos o escoamento das águas da chuva direcionadas para o centro do
calçamento. A Rua da Ladeira foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional em 1954.
Descendo a rua da Ladeira, chegamos à Igreja Matriz Nossa
Senhora do Rosário, inaugurada de 1801. Infelizmente no dia da minha visita a
igreja estava fechada e não foi possível conhecer seu interior, mas sua bela
fachada e suas imponentes torres já renderam ótimas imagens.
Bonito detalhe da fachada da Igreja Matriz de Rio Pardo
Não muito longe dali, a alguns quarteirões de caminhada, na "parte alta" do centro da cidade, encontramos aquela que julgo ser a atração histórica mais interessante da cidade, a igreja de São Francisco de Assis. Inaugurada em 1812, guarda em seu interior imagens em estilo barroco em tamanho natural.
Altar da Igreja de São Francisco de Assis
A visitação ao seu interior é guiada por uma simpática
senhora que dá uma verdadeira aula de história. Anexo à igreja existe um
pequeno museu de arte sacra que também é interessante demais.
Missal Romano, bíblia impressa em latim
Peças do museu de arte sacra
Voltando à rua Andrade Neves no centro da cidade, vale a
pena uma visita ao prédio que hoje abriga o Centro de Cultura municipal e um
pequeno museu histórico. O prédio, construído em 1848, originalmente serviu
como Casa de Caridade (hospital), tendo sido mais tarde convertida em escola
militar por onde passaram alunos ilustres como Getúlio Vargas e Gaspar Dutra.
Como é de se esperar em uma cidade com mais de dois séculos
e meio de existência, caminhar pelas ruas do centro de Rio Pardo significa se
deparar a cada instante com um prédio histórico, com uma construção que nos
remete ao período da colonização portuguesa em nosso estado. Infelizmente, como
acontece em diversas outras cidades antigas da região central do estado, este patrimônio
histórico não está bem conservado, e assim perde a história e perde a
comunidade que deixa de explorar o potencial turístico que tem.
Pequena capela próxima ao Solar dos Panatieri, centro de Rio Pardo
Este casarão colonial em frente ao Solar dos Panatieri está implorando um restauro
Construções na Rua da Ladeira
Outro casarão que mereceria um belo trabalho de restauro
Deixando a região central da cidade, vale a pena conhecer o
prédio da Estação Férrea de Rio Pardo, mais pelo interesse histórico do que
pela beleza da atração em si, já que o prédio se encontra bastante danificado e
implorando uma restauração criteriosa.
Estação Rio Pardo, já viveu dias melhores
Ao lado do prédio principal da Estação Férrea, o prédio que
devia servir de plataforma de embarque e desembarque agoniza tristemente
relegado ao abandono.
Por fim, uma visita a Rio Pardo não será completa sem um
almoço no restaurante Costaneira.
Localizado na Praia dos Ingazeiros, próximo ao centro da cidade,
o restaurante foi construído sobre uma plataforma flutuante sobre o rio Jacuí,
o que por si só já é um diferencial. Mas o que realmente torna o Costaneira uma
atração imperdível é o file de traíra, impecavelmente preparado, e servido em
porção mais do que generosa, acompanhado de arroz, feijão & fritas.
Para quem ainda tiver disposição, pode procurar ainda pelos famosos
sonhos de Rio Pardo, que dizem ser o melhor do RS. Os sonhos
de Rio Pardo podem ser apreciados na Casa do Artesão: http://wp.clicrbs.com.br/viajandodecarro/tag/sonho-de-rio-pardo/?topo=77,1,
Cara, Rio Pardo é muito tri. Ainda ñ conheço, mas...logo, logo.
ResponderExcluirBela descrição sobre Rio Pardo. Breve devo ir conhecer mesmo que meus ancestrais de 1760 são iniciadores desta cidade, nos tempos das disputas com a Espanha.
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