"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor."

Amyr Klink

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

VIADUTO 13 , MUÇUM , OUTUBRO DE 2012


  No sábado dia 13 de outubro estive na região de Muçum, visitando o “Viaduto do Exercito” ou simplesmente “Viaduto 13” como é conhecido.


  Para quem vem da região metropolitana, o acesso ao “13” é feito a partir da BR-386 “Tabai-Canoas” até o município de Lageado, de onde se segue pela RS-129 em direção a Guaporé até a sede do município de Muçum, num percurso de aproximadamente 160 km do centro da capital.

  Chegando a Muçum, após o primeiro trevo de acesso ao centro da cidade existe um trevo menor, e uma rua calçada à esquerda, antes da estrada RS-129 passar sob o viaduto ferroviário que cruza a estrada e segue em direção ao centro da cidade. Basta entrar nesta rua, que segue o percurso da ferrovia, tendo os trilhos sempre à direita de quem vai em direção ao viaduto e seguir em frente por 8 km até a base do “13”.


  “O Viaduto do Exército, conhecido também como Viaduto 13, é a denominação dada a um viaduto ferroviário existente na Ferrovia do Trigo, a EF-491, no trecho entre os municípios de Vespasiano Correia e Muçum, no Rio Grande do Sul.
  A denominação 13 tem sua origem no fato de ser o 13º de uma seqüência de viadutos que se inicia no centro da cidade de Muçum, conhecida como a "Princesa das Pontes".
  Foi construído pelo 1º Batalhão Ferroviário do Exército Brasileiro durante a década de70, tendo sido projetado desde o final da Segunda Guerra Mundial, pela empresa Serviços de Engenharia Emílio Baumgart (SEEBLA).
  Com seus 143 metros de altura e 509 de extensão, foi inaugurado pelo então presidente Ernesto Geisel em 19 de agosto de 1978, e é tido como o maior viaduto ferroviário da América Latina e o segundo mais alto do mundo, superado apenas pelo Viaduto Mala Rijeka, em Montenegro, de 198 metros de altura.
  Suas fundações são do tipo sapata corrida e estão enterradas a 21 metros abaixo do nível do solo. Cada pilar é formado por quatro paredes de 80 centímetros de espessura média.”


  Junto à base do Viaduto 13 existe alguma estrutura de apoio com bar e lanchonete, onde o visitante pode comprar água, bebidas e talvez algum salgado ou lanche. Para visitar a parte alta do viaduto, é só seguir em frente pela estradinha cruzando uma pequena ponte logo adiante das lanchonetes e subir até junto aos trilhos.

  A primeira parte da “caminhada exploratória” foi no interior do túnel que existe junto ao “V 13”. Aqui a dica ao visitante é levar uma lanterna, que auxiliará bastante na caminhada.

  Após poucos metros no interior do túnel a luz que penetra pela entrada vai diminuindo de intensidade até que a escuridão completa toma conta do ambiente. Aqui a lanterna mostrará sua utilidade tornando a caminhada mais segura. Três sensações são muito marcantes durante a caminhada no interior do túnel.
A primeira logicamente é a completa ausência de luz, total escuridão. A segunda, o silencio completo no interior da montanha. A terceira, a temperatura ambiente sensivelmente menor e mais agradável do que a temperatura ambiente que no dia da nossa visita ao V13 era bastante alta.


  Mais uns 500m de caminhada, e as paredes de uma das laterais do túnel se “abrem” no formato de arcos ao cruzar um trecho entre dois morros, permitindo a entrada de luz ambiente, formando o que o pessoal da região chama de “túnel falso”.


   Após a caminhada no interior do túnel, finalmente seguimos os trilhos da ferrovia na direção oposta para cruzarmos o Viaduto 13. Caminhada tranquila, segura, mas emocionante. A altura do viaduto é impressionante e a vista lá de cima maravilhosa.


   Os 143 metros de altura no vão central parecem até mais ao se ver a sombra do viaduto projetada lá embaixo e principalmente ao repararmos no tamanho das construções, pessoas e carros.


   De cima do Viaduto 13, uma visão privilegiada do vale do Rio Guaporé e das montanhas ao redor.

  
  Após cruzarmos os 509 metros de extensão do Viaduto 13, retornamos à sua base para mais fotos. Visto de baixo, do nível do rio, 143 metros abaixo da passagem dos trilhos, o viaduto é ainda mais impressionante, seja pela altura em si, seja pela dimensão incomum dos pilares de sua estrutura.



   Para quem visita o Viaduto 13 com mais tempo, vale a pena seguir caminhando sobre os trilhos em direção a Muçum e conhecer outros viadutos e túneis. Este fica a pouco mais de 1 km de distancia do “13”.


   Além dos viadutos e túneis próximos ao “13”, a Ferrovia do Trigo tem ainda diversas outras pontes e travessias no trajeto entre Muçum e Guaporé, algumas no município vizinho de Dois Lajeados. São atrativos menos conhecidos e divulgados do que o Viaduto 13, mas que valem uma visita programada com  mais tempo para caminhar mais....fica para uma próxima vez.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

CAMBARA DO SUL E AUSENTES, SETEMBRO DE 2012



  O destino escolhido para passar o feriadão de 20 de Setembro não poderia ter sido mais apropriado e a escolha mais feliz. Mais uma vez subimos à cidade de Cambará do Sul, com o plano de visitar os principais cânions da região, nos parques nacionais de Aparados da Serra e Serra Geral.

  Fomos presenteados com quatro dias simplesmente perfeitos, com sol, céu claro, poucas nuvens, nenhuma neblina, temperatura amena, com direito a friozinho à noite e muito vento no alto dos cânions, enfim....todos os ingredientes para visitas produtivas aos cânions, com direito a belas fotos e ótimas caminhadas.

  No nosso primeiro dia nos Campos de Cima da Serra rumamos diretamente ao PN de Aparados da Serra, para visitar o mais famoso e frequentado cânion da região, o Itaimbezinho.
O cânion do Itaimbezinho já foi motivo de post aqui no blog, quando da minha última visita à região, em Nov de 2011:


  Partindo do centro da cidade de Cambara, a entrada o PN de Aparados da Serra fica a 18 km percorridos em estrada de terra em boas condições, com algumas pedras e buracos maiores, mas nada que assuste. O acesso ao interior do parque é pago e custa R$ 6,00 por pessoa mais R$ 5,00 cobrados pelo estacionamento. O visitante tem a sua disposição um Centro de Informações com guias, banheiros, mapas etc. As trilhas no interior do parque estão bem demarcadas e limpas.


  O visitante tem basicamente duas opções de trilhas a percorrer no interior do parque, uma mais curta e próxima do Centro de Informações, a Trilha do Vértice, que dura pouco mais de 30min de caminhada, e a Trilha do Cotovelo, com 6 km de percurso de ida e volta e que leva à visão clássica do Itaimbezinho, aquela que ilustra quase todas as imagens, reportagens e cartões postais da região dos Aparados da Serra.


  Minha sugestão é reservar bastante tempo para conhecer sem pressa o cânion. Chegando ao parque próximo ao meio dia como fizemos, prepare-se para deixar o cânion em torno das 17:00 h, que aliás é o horário de fechamento do parque. Por isso, não deixe de levar água e um lanche leve para consumir durante as caminhadas.

  Optamos por encarar primeiro a trilha que leva ao Cotovelo. Após uma agradável caminhada em meio à mata, repentinamente a paisagem muda, a mata se transforma em campo e os penhascos surgem imponentes. Os mirantes indicam os pontos de melhor vista do cânion. Impressionante o Itaimbezinho. Paredes próximas, traz a exata dimensão de uma “fenda” aberta no chão, diferente do Fortaleza e outros cânions onde as paredes das duas bordas estão mais afastadas e a ideia de “fenda” não é tão evidente.


  Do Cotovelo se tem a vista da região de Praia Grande do lado catarinense. Lá no fundo, silenciosamente entre as pedras o Rio do Boi segue seu curso levando as águas que despencam pelas paredes dos cânions em direção às planícies da região litorânea.


  De volta ao Centro de Visitação, seguimos pela curta trilha do Vértice, que leva ao ponto onde “começa o Itaimbezinho”, ou seja o local onde as duas bordas se unem e inicia a fenda que se transforma no imenso cânion mais a frente. Seguindo adiante caminhando pela mesma trilha, percorremos um trecho da borda oposta do Itaimbezinho que nos leva à vista completa da Cascata das Andorinhas. Vale MUITO a pena, a imagem é fantástica.


  Após percorrermos as duas trilhas da parte alta do PN de Aparados da Serra retornamos à cidade, onde nos hospedamos na Pousada Por do Sol, simples mas limpa e aconchegante, com ótimo chuveiro e calefação a gás e um gostoso café da manhã...o que afinal é tudo que se precisa após um dia de longas caminhadas.

  O nosso jantar na primeira noite na cidade foi no restaurante O Casarão. A casa serve um excelente buffet de pratos típicos da cozinha italiana, com destaque para o maravilhoso tortéi, as costelinhas de porco e o suco de uva BRANCA (isso mesmo, suco de uvas brancas, uma agradável surpresa que tivemos e da qual fomos “obrigados” a levar umas garrafinhas para casa de lembrança. A dica: vale MUITO a pena).
O ambiente é de primeira, com uma decoração muito original e bem bolada, compondo um visual sofisticado e ao mesmo tempo rústico. Vale a pena conhecer, fica a dica de uma excelente opção de jantar em Cambará.

  O segundo dia amanheceu mais “cinzento”, com o céu parcialmente coberto de nuvens. Após o café da manhã reforçado na pousada, rumamos para o Parque Nacional da Serra Geral, para visitar o cânion da Fortaleza.


  São 23 km a partir do centro da cidade, por uma estrada surpreendente e de belíssimas paisagens. Na saída da cidade encontramos asfalto novo, muito bem sinalizado, com áreas cercadas para proteção dos animais, e...acredite, redutores de velocidade e quebra-molas junto aos pontos de travessia de animais.
Após uns 15 km o asfalto acaba e a velha e boa estrada de acesso ao Fortaleza ressurge, trazendo de volta o “gostinho de aventura”, as muitas pedras, os buracos, curvas, subidas, pontilhões de madeira etc. Diminui-se a velocidade, e curte-se muito mais a paisagem. Prefiro assim...

  Ao contrário do PN de Aparados da Serra, no Fortaleza não existe portaria. Não tem Centro de Informações com banheiros nem mirantes de madeira. Não se paga ingresso, não existem vias asfaltadas de acesso no interior do parque, muito menos cercas e telas isolando a borda do cânion.
Aqui tudo é muito mais natural, menos modificado pela mão do homem. Talvez por isso mesmo a sensação de liberdade e de distanciamento da civilização sejam maiores.  Se o Itaimbezinho impressiona, o Fortaleza simplesmente deixa o visitante atônito com sua grandiosidade. Esta foi minha quinta visita, e simplesmente é impossível não ficar boquiaberto com a obra que a natureza construiu ali. A cada nova visita o cânion se apresenta diferente, uma nova luz, a grama dos campos mais verde, ora mais amarelada....o cânion surpreende, se renova, nunca se mostra igual ao visitante.

  Já na chegada ao Fortaleza as surpresas agradáveis começaram. Fomos “recepcionados” por um desconfiado e arisco graxaim, que se aproximava até certo ponto, curioso com o movimento, talvez esperando algum “presente” para o lanche da manhã. A cada tentativa de aproximação o bicho se afastava um pouco, para novamente parar e nos encarar desconfiado, até que finalmente, sumiu campo afora.


  Contentes com a recepção na chegada do cânion, subimos a Trilha do Mirante, numa caminhada de uns 45min pela borda do cânion até a parte mais alta, de onde temos uma visão completa e impressionante do cânion. Impressionante também era o vento e o frio lá em cima.






  Já com a tarde acabando deixamos o Fortaleza e retornamos à pousada, curtindo sem pressa a beleza da paisagem dos campos que margeiam a estrada que liga Cambará ao Fortaleza.




  Na  segunda noite de nossa estada em Cambará o jantar foi na Pizza Retrô. O cardápio de pizzas é fantástico, muito criativo e as pizzas melhores ainda. 
  Os sabores são variados, ficamos com a pizza de salamito e tomates secos, que se mostrou uma excelente escolha. Fica a dica para quem resolver visitar a Pizza Retrô: uma pizza grande serve muito bem dois adultos, e se puder, não deixe de provar o sabor “pizza de salamito” !
  O ambiente da Pizza Retrô é extremamente criativo e original, com destaque para os LP de vinil espalhados pelas paredes e mesas, sem contar no som gostoso e suave da agulha do aparelho de som 3x1 tocando velhos LP dos anos 70 e 80. Não pude deixar de sorrir ao perceber que na “minha” mesa, havia um LP da banda Supertramp, “ao vivo”, um dos últimos LP lançados pela banda já ao fim da sua carreira na segunda metade nos anos 80...banda esta que foi (continua sendo) uma das minha preferidas daquele período. Impossível não sentir saudade do tempo em que se ouvia musica do “lado A” e “lado B”.

  Após uma noite fria, o terceiro dia na região amanheceu com céu limpo, azul, temperatura amena, perfeito. O planejamento do dia era visitar o cânion do Montenegro, situado no município de São José dos Ausentes.

  Após o tradicional café reforçado na pousada pegamos a estrada em direção a Ausentes. A partir de Cambará são 52 km de estrada de terra e muitas pedras até Ausentes. O pequeno trecho de aproximadamente 10 km entre Cambara e a vila de Osvaldo Kroeff está em fase de asfaltamento, e junto à vila está o pior trecho da estrada devido às obras de asfaltamento. No restante do trajeto, as muitas pedras e buracos ditam a velocidade da viagem, e o ritmo segue lento, sem pressa, em comunhão com a paisagem única da região. Aqui não é lugar para se ter pressa, definitivamente.



  No caminho entre Cambará e Ausentes, junto ao posto do ICMS na divisa entre RS e SC, fizemos um desvio de 7 km para visitar o mirante da Serra da Rocinha, na estrada que faz a ligação da região com o lado catarinense.
No mirante, muito vento, muito frio e um visual incrível, que compensa plenamente os 7 km de estrada de pedras.




  De volta à RS-020 deixamos a sede do município de Ausentes para trás e seguimos por mais 20 km até a vila de Silveira. Neste trecho a estrada é bem melhor e permite desenvolver mais velocidade. De Ausentes a Silveira levamos 30 minutos. Após Silveira seguimos em direção à bonita e bem estruturada Pousada Fazenda Montenegro onde fica o cânion de mesmo nome.

  Entrando pela sede da pousada o visitante segue por uns 3 km em uma estradinha bem agressiva e difícil para quem está com carro de passeio, mas que se transforma numa ótima diversão para quem está de 4x4, cruzando por várias porteiras, atravessando alguns córregos para finalmente chegar próximo à borda do cânion.

  Junto ao cânion Montenegro está localizado o Pico do Montenegro que é o ponto mais alto do estado do RS com 1403 m de altitude. Como toda a região já está a uma altitude expressiva, o “pico” na verdade não tem nada de muito impressionante, na prática é um “morrinho” mais elevado em relação aos campos que circundam a borda do cânion. Na verdade todas as terras no entorno do Montenegro estão a altitudes acima dos 1200 / 1300 m. Na foto, o "pico" do Montenegro é a porção mais elevada de terra lá no fundo.


  A grande atração do Montenegro é seu isolamento. Aqui nós temos a sensação de “um cânion particular”, sem outros visitantes. Engraçado perceber que cada cânion que visitamos nestes três dias traz suas particularidades, seu cenário próprio, diferente. Impossível tecer comparações entre eles........difícil e arriscado escolher qual o mais impressionante. Tem de conhecer e visitar todos !

  Se o Itaimbezinho traz a ideia perfeita de fenda aberta no solo com suas paredes próximas e cobertas de vegetação, o Fortaleza traz a grandiosidade de suas paredes de dimensões descomunais. O Montenegro por sua vez se mostra em sua borda composta de campos limpos que abruptamente terminam em penhascos, além da sensação de silencio e total comunhão com a natureza. Sem duvida, dentre os cânions abertos a visitação e facilmente visitáveis na região dos Aparados, o Montenegro é o menos conhecido, menos visitado e mais “puro”, onde a gente se sente mais longe da civilização.

Deixamos o carro junto à trilha de acesso à borda do Montenegro e encaramos a caminhada pelos campos. Sem pressa, percorremos toda a borda do cânion, atravessando os campos, alguns banhadinhos, explorando todos os visuais possíveis do cânion.







  Infelizmente faltou tempo para subir o “pico do Montenegro”....esta ficou para a próxima visita. Como depois de muita caminhada a tarde já começava a cair, era hora de encarar o longo caminho de volta a Cambará, aproveitando a luz mágica e saturada do final de tarde para as últimas fotos do dia.





  Após um rápido banho e um breve descanso, saímos para o jantar da nossa última noite na cidade, que não poderia ser em outro lugar que não o tradicional Galpão Costaneira. Uma farta e muito gostosa “bóia campeira” nos esperava, com direito a carreteiro de charque, feijão tropeiro, moranga, paçoca de pinhão, linguiça com queijo frito, saladas etc...sem contar as cachacinhas de entrada, preparadas nos mais variados sabores. Tudo isso num ambiente de galpão, muito bacana, e para completar com a música de fundo do simpático e lendário gaiteiro Agripino.

  Na manhã seguinte, domingo, chega nosso dia de partir, de deixar esta região tão bonita, impressionante e gostosa de se estar. Café tomado, mochilas arrumadas e no carro, tudo acertado na pousada, deixamos Cambará, não sem antes subir ao morro da torre da Embratel para uma “panorâmica” da cidade, e finalmente uma última caminhada na praça central, junto a igreja matriz, para então nos despedirmos de Cambará do Sul.


  No caminho de volta, uma escala em São Chico para uma caminhada e um chimarrão junto ao Lago São Bernardo, o almoço na tradicional Trattoria Pasta Nostra, uma demorada visita à livraria Miragem que sempre rende um livro de lembrança garimpado entre as prateleiras e depois....estrada até em casa.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

"POR AI" 07 - CAIS DO PORTO, PORTO ALEGRE

   Porto Alegre é uma cidade de muitos recantos, e diversos encantos. Dentre eles, um de meus preferidos é o CAIS DO PORTO, lugar perfeito para curtir o Rio Guaiba, com calma, mais silencio e menos agito do que na região da Usina do Gasometro, por exemplo.

  O cenário de tranquilidade à beira do Guaiba convida para uma caminhada pelos velhos armazéns...


   Os guindastes imponentes ajudam a compor o cenário.


O convite está feito...........o velho Guaiba nos chama a sentar e calmamente deixar o tempo passar admirando o trafego de barcos, lanchas, navios, e perceber a capital sob uma nova perspectiva, um novo angulo talvez menos conhecido mas extremamente interessante.



E, ao final de mais uma visita ao Cais do Porto, vem sempre o questionamento: como pôde Porto Alegre prescindir do convívio com seu rio ? Sou mais um dos que se alinham na torcida pela revitalização e devolução da região do Cais do Porto à população da capital.








terça-feira, 7 de agosto de 2012

ANTÔNIO PRADO, JULHO DE 2012


  Antonio Prado, distante 180 km da capital Porto Alegre e 50 km de Caxias do Sul, se denomina a “Cidade Mais Italiana do Brasil”.
  Frases de efeito e slogans marqueteiros à parte, o fato é que a pequena cidade de Antonio Prado, encravada nos altos da Serra Gaucha a 650m de altitude e com população de 12.800 hab (2010), tem como seu maior atrativo o conjunto de construções históricas tombadas pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde a década de 1990.
  E foi para conferir as construções históricas e absorver um pouquinho da cultura dos imigrantes que subi a serra e fui conhecer Antonio Prado.

Um pouco sobre as origens do município de Antonio Prado:

Simão David de Oliveira foi o primeiro cidadão que, por volta de 1880, se estabeleceu na margem direita do Rio das Antas. Viera a pé de São Paulo, penetrando no território gaúcho por Vacaria. A seguir, desceu até o Rio das Antas, donde prosseguiu caminho até encontrar um lugar aprazível para construir seu rancho. Era o único trecho de terras planas, junto a foz do Rio Leão e do Arroio Tigre, por onde depois, em princípio de 1886, foi aberta a primeira picada que dava acesso a nova colônia italiana chamada Antônio Prado. Essa picada conhecida como Passo do Simão teve seu nome escolhido em homenagem a Simão David de Oliveira.

Antônio Prado foi a sexta e última das chamadas "antigas colônias da imigração italiana", e foi fundada em maio de 1886. Apartir daí, criada a nova colônia, começaram a ser destinadas verbas públicas para abertura de estradas, construção de balsas, medição de terras, construção de barracões, transporte e acolhimento dos colonos.
Apesar dos importantes acontecimentos políticos pelos quais o país passava, como a proclamação da República e a Revolução Federalista em 1893, não houve interferência no processo de implantação de imigrantes em terras devolutas e cobertas de matas da Serra do Rio das Antas.
A revolução de 1893, agitando violentamente quase todos os recantos do estado, pouco podia interferir numa colônia recém-fundada, alcandorada entre paredões, sem estradas, animais de transporte e sem outros recursos econômicos, humanos e financeiros.
Deixando de lado as agitações políticas que abalavam o país, a inspetoria e as comissões de medição de lotes e as de terras e colonização, prosseguiram seu patriótico trabalho de estabelecer mais de mil famílias no território do atual município de Antônio Prado.


  Para se chegar a Antonio Prado a partir de Caxias do Sul, o caminho natural é seguir pela RS-122 por estrada asfaltada e bem conservada.
  Eu optei por um caminho diferente, muito mais interessante e longo, perfeito para quem está a passeio, sem pressa de chegar ao destino.

  A partir da RS-453 ou “Rota do Sol”, próximo ao acesso aos pavilhões da Festa da Uva, entra-se à esquerda para seguir pelo roteiro chamado de “Caminhos da Colonização” - http://www.floresdacunha.com.br/turismo.php?c=50 - cruzando as regiões rurais de Caxias e Flores da Cunha, passando pelas localidades de Santa Justina, Otavio Rocha e outros até sairmos na estrada que nos leva ao pequeno município de Nova Padua.


   Por este caminho, passamos por pequenas igrejas e capelas, singelos capitéis à beira da estrada, fazendo lembrar da fé e religiosidade do imigrante italiano, e como não poderia deixar de ser , muitos parreirais, por todos os lados.



  Como estamos em pleno inverno, os vinhedos estão secos, e o visual é completamente diverso do que se veria durante o verão quando o verde volta e os cachos de uva brotam impregnando o ar com seu inconfundivel aroma. É um passeio que sem sombra de dúvida vale a pena refazer durante a época da vindima, da colheita da safra da uva, nos meses de janeiro e fevereiro.


  Em Nova Pádua a dica é o almoço no Restaurante Panoramico Belvedere Sonda, onde se tem uma maravilhosa vista do Rio das Antas. O cardápio é o tradicional “almoço colonial italiano”, ou seja massas, polenta, queijos, copa, galeto, costelinha de porco, saladas, etc etc.


  O caminho segue agora descendo as encostas da serra em direção ao Rio das Antas por uma estradinha de terra estreita mas bem conservada até o “passo” onde cruzamos o rio conduzidos por uma pequena e inusitada balsa movida pela força do braço humano e auxilio de alavancas e cabos de aço, nos proporcionando uma travessia tranquila e deliciosamente silenciosa pela ausência completa de ruido de motores.


  Uma vez na outra margem do rio, segue-se subindo por 7 km de estradinha de terra até a pequena cidade de Nova Roma, passando no caminho pelo mirante da Usina Hidreletrica Castro Alves.


  De Nova Roma segue-se por mais 28 km de estrada nova de aslfalto até finalmente chegarmos ao destino final, a cidade de Antonio Prado.

  A cidade de Antonio Prado em si é bastante pequena e calma, e as atrações estão concentradas basicamente em algumas quadras da avenida principal e no entorno da igreja matriz. Portanto, a pedida é estacionar o carro e percorrer a pé a avenida principal admirando as construções históricas tombadas e de modo geral muito bem preservadas e mantidas.


  Para hospedagem, existe dois hotéis na avenida principal, e mais algumas pousadas em estilo “pousada rural” no interior do município.
  Eu optei pelo Hotel Pradense - http://www.hotelpradense.com.br/, excelente opção em termos de custo x beneficio, limpo, aconchegante, e suficientemente confortavel, sem luxos. Os quartos do sótão tem um “charme a mais”...e vale a pena pedir por um ao se registrar com o atencioso pessoal da recepção.

  Devidamente instalado, hora de explorar a cidade com a câmera na mão em busca das melhores imagens do casario colonial. Muitos destaques, muita coisa bonita para fotografar.


A igreja matriz:



A prefeitura municipal;


As belas construções históricas:







A Casa Palombini, que abriga uma farmácia, é uma das poucas construções históricas construídas em alvenaria;


Em cada casa, uma placa contando um pouco da história por trás das paredes centenárias;


Esta é provavelmente a mais conhecida e certamente uma das mais bonitas, Casa Bocchese ou “Casa da Neni”, onde hoje no piso térreo há uma pequena loja de artesanato local que vale a pena conhecer e claro levar umas lembrancinhas.



A “Società del Mutuo Soccorso”, pioneira espécie de instituição de apoio ao imigrante;


Esta é uma das que mais gostei;


  Finalmente, saindo de Antonio Prado em direção à RS-122 vale a pena percorrer outro caminho alternativo, chamado de “Caminhos da Imigração”, onde cruzamos com mais exemplares de construções da época da colonização da região, encerrando com chave de ouro o fim de semana na "Cidade Mais Italiana do Brasil".