"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor."

Amyr Klink

sábado, 18 de junho de 2011

IVOTI E GALÓPOLIS, JUNHO DE 2011

No sábado dia 04 Jun aproveitei o frio e o dia ensolarado para pegar a estrada e fazer um roteiro pela serra ligando a região do Vale do Sinos a partir de Novo Hamburgo a Caxias do Sul, via BR-116.

Minha primeira parada foi na cidade de Ivoti, pequeno municipio de colonização alemã na subida da serra, e que conserva bonitos exemplares de arquitetura tipica da fase de colonização.





Ainda na região urbana de Ivoti visitei a antiga Igreja Matriz de São Pedro, ou melhor as ruínas da igreja, incendiada em 1986.



Breve Historico:

A igreja de São Pedro Apóstolo, que hoje conhecemos como Antiga Igreja Matriz ou Igreja Velha foi construída a partir de 1869.
Em novembro de 1924, a igreja incendiou. Conta-se que foi devido a alguns meninos que quiseram ir ver os ninhos dos pássaros no alto da torre à noite, sendo que levaram consigo um lampião. O fogo do lampião teria incendiado a palha dos ninhos, provocando o incêndio acidentalmente. Após esse incêndio somente a sacristia se salvou.

Naquele mesmo ano, iniciou-se a reconstrução da igreja que, com as reformas feitas em 1944, tomou a forma atual. Em 1945 sua parte interna foi decorada. Em 1969, foi construída a igreja nova e a antiga igreja passou a ser usada como sala de reuniões, catequese e outras atividades.
A última missa realizada nesta igreja foi em 1973, pois em 1970 foram concluídas as obras do novo templo.

No ano de 1986, a igreja foi tombada como Patrimônio Histórico e Artístico Estadual, pelo IPHAE. No mesmo ano, novamente o fogo destruiu a igreja velha, que não mais foi reconstruída, suas janelas quebraram e seu telhado desabou. Não se sabe o que exatamente causou esse segundo incêndio. Em 2004, o telhado foi refeito, por meio de recursos do Ministério da Cultura.

Fonte: Site da Prefeitura de Ivoti - http://www.ivoti.rs.gov.br/pontos-turisticos





Após a rápida visita a igreja, fui conhecer a Rota Colonial do Teufelsloch ou “Buraco do Diabo”, onde as atrações são a Ponte do Imperador e o núcleo de casas em estilo enxaimel.

A ponte do Imperador foi construída entre 1857 e 1864 com o objetivo de facilitar o escoamento da produção das colônias da região e o deslocamento em direção ao Vale dos Sinos, cruzando o Arroio Feitoria.



Já o Núcleo de Casas Enxaimel tem como atração diversas edificações construídas na legitima técnica enxaimel, ou seja estrutura em madeira aparente encaixada sem uso de pregos e paredes em barro amassado ou alvenaria.



As construções se encontram a maioria restauradas ou em fase de restauro e abrigam atualmente atrações que vão desde a tradicional loja de artesanato a cafés e pontos de venda de produtos coloniais.







Deixando Ivoti para trás e seguindo adiante pela RS-815 em direção a Picada Café cruzamos o pequeno município de Presidente Lucena.

Este caminho alternativo encurta a distancia entre Novo Hamburgo e Nova Petrópolis em torno de 10 km, além de ser todo percorrido em asfalto novo de ótima conservação e pouco transito, enfim, uma excelente opção para quem está disposto e variar o caminho e fugir da BR116.

Os sempre presentes plátanos são uma atração a parte, com suas cores intensas de fim de outono.



No caminho, a margem da estrada passamos por algumas construções bem antigas.





Retornamos à BR-116 na localidade de Picada Café, para então seguir rumo norte em direção ao distrito de Galópolis, localizado a 10 km de Caxias do Sul.

O distrito de Galópolis foi sede de um importante lanifício implantado no inicio do século XX e teve seu crescimento e vida estreitamente ligados ao crescimento e funcionamento da fabrica. Sua maior atração é a “vila operaria”, um núcleo de casas construídas na quadra em torno da igreja da localidade, e que foram destinadas a moradia dos funcionários especializados do lanifício.

Breve Histórico:

Inicialmente, a localidade atualmente conhecida por Galopolis era habitada por alguns colonos que viviam da plantação e da criação de animais. Devido à situação geográfica, a nomenclatura inicial do bairro era Vale del Profondo.

Depois, recebeu denominações como Cascata da Quarta Légua, Desvio do Morro e Le Machine, este último em função da chegada, em 1891, de imigrantes operários vindos de Schio, na Itália. Em 1898, eles fundaram um pequeno lanifício, que seria adquirido, em 1904, por Hércules Galló, que o reorganizou. Em 1911, o empresário firmou sociedade com os irmãos Chaves.

Galló foi bem-sucedido na gerência do lanifício, trazendo prosperidade à localidade que deixou de se chamar Vale del Profondo e passou a ser conhecida como Galópolis, em homenagem ao empreendedor. A abertura da empresa atraiu a população e foi preciso criar uma área para as pessoas se fixarem nas proximidades.

Começou a surgir a Vila Operária, série de casas inicialmente de madeira, posteriormente em alvenaria, construídas em estilo inglês. No local, havia igreja, escola, armazém, cooperativa e associação beneficente.


Uma breve caminhada em torno da praça central rende belas imagens da vila operaria e suas peculiares casas que lembram uma vila inglesa do inicio do sec.XX.



O frio do fim da tarde de outono, a fumaça dos fogões a lenha e a arquitetura das casas nos remetem a cenas do passado, e por um instante quase que podemos imaginar estarmos numa cidadezinha operaria em algum lugar da Europa, em algum ponto do passado. Enfim, passeio altamente recomendavel para quem curte arquitetura, historia e bonitas paisagens. Tudo isso a pouco mais de 100 km de Porto Alegre.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

INTERIOR DE FARROUPILHA E CARLOS BARBOSA

No sábado dia 21 de Maio aproveitei o tempo bom e o sol do outono para colocar o jipe na estrada.

A idéia era subir a serra em direção a Carlos Barbosa seguindo pela RS-470 a partir de Montenegro, passando pelos pequenos municípios de Salvador do Sul, São Pedro da Serra e Barão até encontrar a RS-446, já próximo ao centro urbano de Carlos Barbosa.

A estrada é toda de asfalto novo, bem conservado e com pouco transito. O relevo é bastante acidentado com muitas curvas, subidas e descidas. A velocidade média em função destas características não deve ser alta.
Para quem sai de Porto Alegre em direção à região de Carlos Barbosa, a passeio e sem pressa de chegar, este caminho é uma opção com menos trânsito, sem pedágio e também um caminho alternativo ao trajeto via Bom Principio e São Vendelino, bastando entrar na BR-386 (Tabai Canoas) e seguir em direção a Montenegro, para então tomar a RS-470 e subir em direção a C.Barbosa.

No caminho, em plena subida da serra, uma saída estratégica da estrada para visitar o Túnel Ferroviário da Linha Bonita em Salvador do Sul, com acesso fácil e rápido a partir do asfalto. Para chegar ao túnel é preciso encarar um pequeno trecho de uns 500m de estrada de terra, no caso.....lama, bastante lama.

O túnel tem 93m de comprimento e foi escavado diretamente na rocha.


Como todo túnel é escuro, frio e úmido em seu interior, e pode ser cruzado de automóvel, ou a pé, ao gosto do visitante. Vale a visita como curiosidade e claro, para registrar com algumas fotos.


Voltando para a estrada, na seqüência aproveitei para almoçar e conhecer o Restaurante Nono Otavio, localizado ainda na RS-470, a cerca de 5 km da cidade de Carlos Barbosa.


O restaurante está instalado no porão de pedra de um belo e típico casarão colonial que foi restaurado pelos proprietários e convertido em restaurante.


O cardápio é o típico colonial italiano, ou seja sopa de capeletti, saladas, macarronada, galeto ao primo canto, polenta brustolada, fortaia, lingüiça frita, entre outras “atrações”. Tudo muito bem servido, por justos R$ 25,00 por pessoa.


Após o almoço o cliente ainda pode aproveitar para “baixar a comida” curtindo uma tranqüila caminhada ao redor do açude, ou sentar à sombra em um bancos no gramado ao redor do casarão do restaurante.




De volta à estrada, segui em direção ao Morro do Diabo em Carlos Barbosa, onde começou a etapa “aventura” do passeio que previa seguir por cerca de 30km através de estradinhas de terra pelo interior dos municípios de Carlos Barbosa e Farroupilha até atingir o asfalto da RS-453 que faz a ligação entre Bento Gonçalves e Farroupilha.


A primeira atração deste caminho é o Salto Ventoso, já no território de Farroupilha.


Infelizmente o visual estava bem prejudicado pela baixa quantidade de água na cascata, de toda forma valeu pela visita.


Mais adiante passamos pela comunidade de Nova Sardenha onde o destaque é a bonita igreja da comunidade, além é claro das construções antigas em estilo colonial.





Seguindo em direção a Bento Gonçalves, contornamos a Barragem do Burati em meio aos pinheiros e araucarias nativas.



Em seguida passamos pela comunidade de Linha Rio Burati, onde temos como atrações a bonita e bem cuidada igreja, os galpões antigos da vinícola Velha Cantina e claro, muitas construções ao estilo colonial italiano.







Para arrematar, os vales e colinas da localidade de Linha Rio Burati abrigam uma grande quantidade de vinhedos que no outono já estão com suas folhas amareladas e secando, tingindo de amarelo as colinas refletindo a luz singular do fim de tarde de outono na serra.








Por fim, já de volta à civilização, ao asfalto e à cidade, uma rápida incursão à bela cidade de Garibaldi, onde fui conhecer e fotografar o Centro de Visitação e Compras da Vinícola Peterlongo, bem junto ao centro da cidade.



A beleza arquitetônica do prédio e a luz do final de tarde contribuíram para que fosse possível registrar belas imagens.






Após a breve visita à Peterlongo, hora de retornar, noite já caindo. Claro que no caminho não pude deixar de fazer a clássica parada em uma das inúmeras bancas de produtos coloniais à beira da estrada para levar o queijo, o pão e o salame da janta.


O saldo final do dia, em torno de 280 km de estrada, muita comida boa em um excelente almoço, muitas fotos e maravilhosas paisagens pelas montanhas e colinas da serra.