"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor."

Amyr Klink

quarta-feira, 2 de junho de 2010

FINALMENTE, A LAGOA DO PEIXE, DEZEMBRO DE 2007

No sábado dia 01/12 acordei cedo e rapidamente coloquei o pé na estrada. O destino do dia mais uma vez era a Lagoa do Peixe, na região de Mostardas. A idéia era seguir por asfalto até o acesso à praia do Bacupari, na RST-101, antiga “estrada do inferno”, e então seguir pela beira da praia por aproximadamente 100km até a barra da Lagoa do Peixe, no município de Tavares. O tempo completamente seco e o céu limpo e azul confirmavam as previsões e a expectativa de um dia agradável e perfeito para esta empreitada pela praia.

Além do passeio em si, a outra grande novidade do dia era a minha estréia na era da navegação digital.............estava pela primeira vez viajando com o auxílio de um aparelho GPS, no caso um Garmin GPS V. Com a rota previamente levantada e transferida para o GPS, meu trabalho se resumiu a seguir as indicações de direção do GPS o tempo todo, contando sempre com informações precisas sobre minha localização atual, distância e tempo para a chegada a cada ponto de destino etc.

Saindo de Canoas via Free-way, depois RS-118 e RS-040 segui até Capivari, onde inicia o trajeto pela RST-101, até o acesso ao Bacupari. O asfalto neste trecho entre Capivari e o acesso a Bacupari está simplesmente destruído, panelões imensos, impossível andar rápido ou mesmo manter um ritmo constante de viagem, diversas vezes foi preciso sair para o acostamento para desviar das crateras no asfalto.

Após em torno de 135km se chega à Lagoa do Bacupari. O acesso para o mar passando pela lagoa e dunas estava bem comprometido. Após a ponte de madeira, a estradinha vai sumindo até que finalmente desaparece num trecho onde antes se passava tranqüilamente e agora é uma espécie de arroio, uma área de banhado que segue por uns 150 / 200m. Voltei e encontrei um desvio que contorna este trecho interrompido e volta mais adiante ao traçado original em direção ao mar. Chegando ao mar, a confirmação das minhas expectativas: praia perfeita, mar “na caixa”, areia firme e batida, perfeita para andar. A empreitada até a barra da Lagoa do Peixe seria tranqüila e segura.

Partindo da praia do Bacupari e sempre guiado pelo GPS, mais alguns quilômetros à frente chegamos ao navio naufragado Month Athos. Parada para fotos e vamos em frente, andando sempre na direção Sul.

Seguindo pela beira da praia, passamos por pontos clássicos para fotos, como o Farol da Solidão.

Mais adiante um pouco outro navio naufragado, o Aline S. Maru, depois a vila de São Simão e finalmente o balneário de Mostardas, 60km após o farol da Solidão.

Aproveitei a estrutura do balneário de Mostardas para fazer uma paradinha estratégica para descanso, comer uma torrada e beber uma cervejinha gelada no restaurante e hotel Estrela do Mar.
Seguindo em frente pela praia, 14km adiante está o Farol de Mostardas. Bem mais alto e melhor conservado que o farol da Solidão, o farol de Mostardas é cercado pela marinha e tem acesso controlado. Mesmo assim é possível tirar belas fotos a partir dos caminhos que levam ao farol.

Mais 18km além e estamos na barra da Lagoa do Peixe.

Contornando a barra junto às dunas chegamos à beira da lagoa do Peixe, que estava um pouco seca. Desci e caminhei por um bom tempo pela beira e por dentro da lagoa, curtindo o visual e a paz do local.


Natureza em estado bruto, com quase nenhuma alteração introduzida pela mão do homem. As únicas lembranças da civilização são as poucas casas dos pescadores no entorno da lagoa, as canoas amarradas nas margens e as marcas de pneus deixadas pelos que teimam em atravessar a lagoa com seus jipes e pick-ups.



Hora de iniciar a viagem de retorno, voltamos à beira da praia e com o auxílio do GPS encontramos 13km no sentido norte a vila do Talhamar, de onde seria possível retornar ao asfalto da RST-101 cruzando uma trilha entre as dunas a partir da beira-mar. A tal trilha inicialmente muito tranqüila e bem demarcada, à medida que avança em meio às dunas vai sumindo até que fica impossível encontrar o caminho certo, simplesmente não existem marcas de pneus ou outra indicação a seguir, de forma que fica impossível encontrar a saída do outro lado das dunas. Como não tinha o tracklog do caminho entre as dunas gravado no GPS e estava sozinho, decidi não arriscar e voltei à praia.

Fazia assim a primeira e única alteração de planos na minha viagem, que finalmente se mostrou uma decisão acertada. O retorno pela praia, além de muito tranqüilo e provavelmente mais seguro e rápido que enfrentar o asfalto totalmente esburacado da RST-101, trouxe de quebra a possibilidade de curtir mais 90km de praia, sem pressa, curtindo o visual no melhor ritmo de passeio.
Chegando novamente na vila do farol da Solidão, aproveitei para chegar no Bar do Tio Pedro e pedir uns pasteizinhos fritos na hora, que acompanhados por algumas latinhas de cerveja bem gelada e uma boa conversa com o pessoal do bar, encerraram com chave de ouro a parte “aventura” deste passeio.
No retorno ao asfalto, um passeio pelas dunas.

Agora me restava retornar ao asfalto da RST-101, encarar os mil buracos até Capivari e desta voltar via RS-040 até Viamão e Canoas, curtindo sem pressa mas com algum cansaço o asfalto e trazendo na memória as imagens inesquecíveis deste dia.

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