1º Dia – Canoas a São José dos
Ausentes
Nossa viagem começou com o
deslocamento por asfalto de Canoas na região metropolitana de Porto Alegre até
Cambará do Sul. Como o tempo estava bom, céu claro e não tínhamos pressa,
optamos por fazer o trajeto subindo a BR-116 até Caxias do Sul, seguindo pela
estrada Rota do Sol até a localidade de Tainhas, para
então seguirmos via RS-020 até Cambará.
Este trajeto aumenta bastante a
distância, algo como 40 km, e é mais demorado pois acaba cruzando Caxias do Sul
o que significa transito pesado. O atrativo são as bonitas paisagens da subida
da serra via BR-116 a partir de Ivoti até Caxias do Sul. Para quem preferir o
caminho mais curto, o trajeto mais indicado para quem sai da região
metropolitana em direção a Cambará do Sul continua sendo subir a RS-020 via Taquara
e São Francisco de Paula.
A clássica foto junto ao pórtico de Cambará do Sul
De Cambará do Sul seguimos por
estrada de terra até nosso primeiro destino, a pousada Vale das Trutas - www.valedastrutas.com.br - onde
passaríamos a noite antes de seguir viagem em direção a serra catarinense.
Estrada entre Cambará e Ausentes
Paisagens pelos Campos de Cima da Serra
Chegamos a pousada por volta do meio da tarde, e após nos acomodarmos e
descarregar o carro, ainda deu tempo de visitar o mirante da Serra da Rocinha
que fica a apenas 7 km da pousada.
Instalados em nosso chalé no Vale das Trutas
Pequeno riacho na estrada que leva ao Vale das Trutas
Lá embaixo no centro da foto as cabanas da pousada
Esta cachoeira fica pertinho da pousada, a poucos minutos de caminhada
Apesar das placas de aviso no
inicio da estrada que leva até a Serra da Rocinha, pelo menos por enquanto ainda é possível chegar até o mirante
da serra sem problemas, apesar do inicio das obras de pavimentação, que por ora
(fev 17) estão concentradas no inicio da descida da serra.
Placas de advertência na estrada que leva à Serra da Rocinha
Obras iniciando na parte alta da Serra da Rocinha
Vista do mirante da Serra da Rocinha
Neblina chegando e encobrindo tudo no mirante da Rocinha
Retornando à pousada após nossa visita ao mirante da Rocinha, encontramos um final de tarde dominado pela neblina que encobriu a paisagem.
Vale das Trutas encoberto pela típica neblina do final de tarde
2º Dia – São José dos Ausentes a
Urubici
Após uma noite bastante fria para
os padrões do verão gaúcho, deixamos a pousada Vale das Trutas por volta das
9:00h e seguimos em direção a São Joaquim, já no lado catarinense da serra.
Na estrada entre Ausentes e a vila do Silveira
Este trajeto é feito a partir da
sede do município de São José dos Ausentes até a localidade de Silveira, de
onde seguimos em direção a localidade de Faxinal Preto, para então cruzar o Rio
Pelotas marcando a divisa dos estados do RS e SC, finalmente chegando a São
Joaquim, 72 km e em torno de 2h e meia mais tarde.
Faxinal Preto, ultimo povoado em solo gaúcho por este caminho que leva a SC
A vila de Faxinal Preto
Chegamos à divisa de estados RS x SC
Rio Pelotas, no outro lado é o Rio Grande, aqui já estamos em solo catarinense
Este caminho é todo feito em
estrada de terra e muitas pedras, obrigando a andar em baixa velocidade. Por
outro lado, as paisagens convidam a frequentes paradas para fotografar,
portanto este é um deslocamento para ser feito sem pressa.
Por toda a região entre Ausentes e São Joaquim, muitas maçãs
A maçã é um dos maiores "motores" da economia local
A partir de São Joaquim rumamos
em direção ao mirante da Serra do Rio do Rastro, via SC-390. Para nossa
surpresa a estrada está em obras de melhoria e em alguns trechos o transito é
interrompido por alguns minutos para trafego em pista única, o que acabou nos
atrasando um pouco.
Cascata da Barrinha em Bom Jardim da Serra, poucos km antes do mirante na parte alta da Serra do Rio do Rastro
Chegamos à parte alta da Serra do Rio do Rastro sob intensa
neblina, que impedia qualquer visualização da serra, ao ponto de passarmos
direto pelo mirante e nem percebermos a sua entrada. Somente notamos o “erro”
ao começar a contornar as curvas já iniciando a descida da serra, então
retornamos e agora voltando com bastante atenção conseguimos identificar a
entrada do mirante em meio à neblina.
A típica visibilidade no mirante da Serra do Rio do Rastro nas tardes de verão
Registro feito, retornamos em
direção a São Joaquim para então seguir pela estrada SC-110 até Urubici, onde
nos instalamos nos confortáveis chalés na pousada Vale da Neblina.
Nosso confortável chalé na pousada Vale da Neblina em Urubici
Paisagem da varanda do chalé
3º Dia - Urubici
Após mais uma noite de friozinho
típico das regiões mais altas da serra, acordamos cedo e após o muito bem
servido café da manhã, deixamos nosso chalé para explorar Urubici.
Urubici é uma velha conhecida.
Desde minha primeira viagem à cidade, em 2001, já retornei diversas vezes,
sempre atraído pelas paisagens únicas da região. Algo que chama a atenção é o
quanto a estrutura da cidade aumentou e melhorou nestes anos, com a abertura de
diversas pousadas, das mais simples às mais sofisticadas, restaurantes com as
mais diversas propostas e para todos os bolsos, enfim, Urubici soube explorar
bem seu enorme potencial voltado para o turismo de aventura e de inverno,
criando boas condições para receber seus visitantes, o que no final das contas
traz dinheiro e movimenta a economia da cidade.
Nosso primeiro destino foram as
estradinhas que a partir da SC-110 levam ao interior do Parque Nacional de São
Joaquim. Inicialmente em bom estado, após alguns quilômetros estas estradas se
transformam em praticamente trilhas em meio aos campos e matas, e neste momento
a prudência mandou dar meia volta e retornar frente ao risco de danificar um
pneu e estar isolado caso seja necessário algum tipo de apoio.
Estradinhas pelo interior do PN de São Joaquim
Interior do PN de São Joaquim
Na sequência, e como o tempo
indicava estar aberto, sem nuvens ou neblina na parte alta do PN de São
Joaquim, decidimos arriscar a subida ao Morro da Igreja, que fica a 30 km do
centro de Urubici.
Subindo ao Morro da Igreja
Para acessar o Morro da Igreja é
necessário pegar um ticket de permissão e controle de acesso, o que é feito em
5 minutos na sede do IBAMA localizado no centro da cidade, atrás do Banco do
Brasil que fica na avenida principal. Autorização na mão, é só seguir a estrada
de asfalto que leva ao mirante do Morro da Igreja e chegando lá fomos
presenteados com a visão única da Pedra Furada , um dos símbolos mais
emblemáticos de Urubici.
O cartão postal de Urubici, a Pedra Furada no Morro da Igreja
Estação do CINDACTA II operada pela Força Aérea no topo do Morro da Igreja
O tempo bom e o céu limpo duraram
o tempo suficiente para registrarmos belas imagens e logo a forte neblina que
se forma no interior do cânion subiu e encobriu completamente a paisagens.
Visitantes que chegaram 30 minutos após nossa chegada já encontraram um cenário
completamente diferente sem condições de visibilidade da Pedra Furada. Fica a
dica, ao menos nos meses de verão, subir cedo da manhã o Morro da Igreja
oferece chances bem maiores de encontrar boas condições de visibilidade. Após o
meio dia é praticamente impossível enxergar alguma coisa que não seja a neblina
no alto do morro.
Neblina se formando
Acima das nuvens !
A Pedra Furada logo vai sumir em meio a neblina
Em poucos minutos não se vê mais nada além do branco da cerração
Na descida do Morro da Igreja
visitamos a Cascata Véu de Noiva, atração que fica dentro de área particular e
por isso tem entrada paga, R$ 5,00 por pessoa.
Cascata Véu de Noiva
Retornando ao centro da cidade,
fizemos nosso lanche no Posto Serra Azul, que é um posto de gasolina localizado
na avenida principal, e que tem uma lanchonete & bar absolutamente
diferenciados em anexo. A lanchonete é toda decorada ao estilo das lanchonetes
americanas de beira de estrada dos anos 50 / 60. Na entrada, o balcão de
atendimento construído a partir de um Ford Falcon conversível dá o tom do
espirito do lugar, cada peça da decoração remete à cultura dos carros clássicos
americanos.
Fechando o dia e retornando à
pousada, fizemos ainda uma visita aos mirantes da parte alta da Cascata do
Avencal, cujo acesso também é pago, R$ 7,00 por pessoa.
Cascata do Avencal, parte alta
É possível chegar lá embaixo, na base da cascata, por uma trilha em meio à mata de pouco mais de 1h de caminhada
4º Dia – Urubici
Como de costume, após o café da
manhã reforçado saímos da pousada e seguimos em direção a nosso primeiro
destino do dia, a Serra do Corvo Branco, localizada a 30 km do centro de
Urubici, com acesso pela mesma estrada que leva ao Morro da Igreja.
Como o céu estava aberto, quase
sem nuvens, e ainda era cedo, resolvemos ainda em Urubici fazer uma nova subida
ao Morro da Igreja, afinal já estávamos no caminho e o desvio seria pequeno.
Pedra Furada com excelente visibilidade
Decisão mais acertada impossível, a visibilidade no alto do morro estava ainda
melhor do que no dia anterior, e passamos um bom tempo curtindo os cenários
únicos no alto do Morro da Igreja.
Como de costume a cerração não tarda a surgir
Visita feita, descemos o Morro da
Igreja e seguimos então até a Serra do Corvo Branco. Os últimos 5 km são
percorridos em estrada de chão com muitas pedras, em estado bem precário, nada
que impeça a visita, mesmo para quem segue em veiculo de passeio normal, basta
dirigir devagar e com cuidado.
"Portal" da Serra do Corvo Branco
A Serra do Corvo Branco em si é
um trecho curtinho com uma sucessão absurda de curvas fechadas e forte
inclinação, num caminho escavado em meio às rochas atravessando um verdadeiro
portal.
Curvas íngremes no Corvo Branco
O belo corte na rocha para a passagem da estrada
Logo após o final do trecho
pavimentado, há uma ponto onde ocorreu um forte desmoronamento de pedras a
algum tempo e que determinou o bloqueio completo da estrada. Hoje a estrada
está novamente aberta, mas as marcas do desmoronamento e os danos causados
ainda são bem visíveis.
Após o trecho de forte inclinação
no alto da serra, a estrada volta a ser de chão segue em direção de Grão Pará
na parte baixa da serra, sendo possível seguir adiante e chegar à região do
litoral catarinense e BR-101 na região de Tubarão.
Local onde a pouco tempo ocorreu um forte desmoronamento da estrada na descida do Corvo Branco
Paredões de pedra na Serra do Corvo Branco
Após um lanche, na parte da tarde
fomos visitar o Morro do Campestre, que antigamente era conhecido como “Morro
da Cruz”. Esta atração está localizada a apenas 10 km do centro de Urubici e o
acesso é feito pela estrada que leva a Rio Rufino. O caminho é todo em estrada
não pavimentada em bom estado de conservação, sem muitas pedras e buracos, mas
com uma poeira absurda, cada vez que cruzamos com veículos em sentido contrário
somos encobertos por nuvens de poeira.
O Morro do Campestre em si são
formações rochosas no alto de um morro localizado dentro de uma fazenda
particular. O acesso também é pago, R$ 5,00 por pessoa. Para quem vai de
veiculo normal de passeio, é preciso encarar a subida a pé, uns 30 minutos de
caminhada puxada morro acima. Para quem está de 4x4, é possível encarar a
trilha que leva ao alto do morro, mas somente se estiver de veiculo tracionado
pois a inclinação da estradinha de acesso é muito forte, o caminho é todo
coberto de pedras soltas e existem valetas criadas pelo escoamento das chuvas,
que certamente acabariam prendendo um veiculo mais baixo.
Formações rochosas no alto do Morro do Campestre ou "Morro da Cruz"
Lá de cima, é possível subir até
o alto das formações rochosas e apreciar a paisagem do vale do Rio Canoas.
Lá embaixo o vale do Rio Canoas
Morro do Campestre
De volta a nosso chalé,
finalizamos o dia e nossa estadia em Urubici curtindo mais um final de tarde de
temperaturas amenas. Amanhã seguimos em direção à região do vale do Itajai.
5º Dia – Urubici a Pomerode
Malas prontas, tomamos nosso café
e deixamos a pousada em torno das 9:00 h
da manhã. Nos despedimos de Urubici e seguimos em direção a Pomerode no
vale do Itajaí.
Este deslocamento de pouco mais
de 230 km foi todo feito por estradas de pista simples e para nossa surpresa,
com intenso transito de caminhões, principalmente na BR-470 que leva ao Porto
de Itajaí no litoral catarinense. Saindo de Urubici, seguimos pela BR-282 até
Alfredo Wagner, de onde seguimos pela SC-350 até Rio do Sul, e então via
BR-470 até a rodovia que leva ao Vale
Europeu, Benedito Novo e Pomerode, nosso destino final.
Na chegada a Benedito Novo uma inusitada ponte pênsil para passagem de pedestres e automóveis
Em Benedito Novo, fotografamos
algumas casas em estilo enxaimel, conhecemos parte do caminho que leva a região
do Campo do Zinco, e finalmente seguimos em direção a nosso destino final,
Pomerode.
Belíssimo exemplar de construção típica na estrada que liga Benedito Novo ao Campo do Zinco
Antes da chegada, uma rápida
parada para conhecermos a Casa do Imigrante Carl Weege, que fica na estrada de
ligação entre Pomerode e Rio dos Cedros.
Casa do Imigrante, Pomerode
Nos hospedamos na pousada Dein
Haus - www.deinhaus.com.br - , que para minha surpresa estava lotada, mesmo em período de verão. Pousada
muito bem localizada e conservada, e oferece quartos limpos e confortáveis
embora pequenos e simples.
No finalzinho da tarde saímos
para fazer uma caminhada de reconhecimento do pequeno centrinho da cidade,
caminhada esta que foi abreviada por uma forte chuva que perdurou até a noite.
Pórtico sul de Pomerode
Belo prédio do restaurante Schroeder numa das ruas centrais de Pomerode
6º Dia – Pomerode
Dia de explorar o interior de
Pomerode. Após o excelente café da manhã na pousada saímos para percorrer a
“Rota do Enxaimel” que fica na localidade do Testo Alto, pertinho da região
urbana da cidade.
Construção típica na entrada do caminho da Rota do Enxaimel
A Rota do Enxaimel é um caminho
de 15 km percorrido a maior parte em estrada pavimentada e o restante em
estrada de chão em excelente estado de conservação, onde a atração principal são
as diversas construções em estilo tradicional enxaimel muito bem conservadas,
levando o visitante a ter uma visão do passado na época da colonização da
região de Pomerode.
Paisagens típicas da região do Testo Alto, interior de Pomerode
Estrada da Rota do Enxaimel, Testo Alto, Pomerode
A caprichada casa da família Siewert na Rota do Enxaimel
Os atenciosos proprietários estão sempre dispostos a uma boa conversa com os visitantes
Esta bonita casa destoa do estilo enxaimel predominante na região do Testo Alto mas é muito bonita e bem cuidada
Após o passeio pela “Rota do
Enxaimel” retornamos a cidade para o almoço. Escolhemos provar o “almoço
colonial típico alemão” no restaurante Pomerode, um dos mais antigos e
tradicionais da cidade. Instalado num prédio antigo em estilo enxaimel em uma
das avenidas principais da cidade, o almoço foi simplesmente perfeito,
extremamente farto como não poderia deixar de ser, saboroso, e tudo a vontade
para comer até se empanturrar. O destaque vai para o marreco recheado com repolho
roxo e o joelho de porco, o famoso einsbein.
Restaurante Pomerode, onde aos finais de semana é servido um almoço típico capaz de mandar qualquer dieta para o espaço
Mais uma bela construção no estilo enxaimel predominante em Pomerode, esta localizada bem no centro da cidade ao lado do restaurante Pomerode
Exaustos de tanto comer bem, na
parte da tarde fizemos apenas uma nova visita à Casa do Imigrante Carl Weege
para novas fotos e uma rápida visita à cidade vizinha de Rio dos Cedros, sem no
entanto circular pelas estradinhas do interior deste município.
Casa do Imigrante Carl Weege
Paisagens de Pomerode
Percebendo a
forte chuva que se aproximava pelas nuvens escuras, voltamos ao ar condicionado
e conforto da pousada. A chuva, como esperado, não tardou a cair forte no final
da tarde.
7º Dia – Pomerode a Canoas
Dia de voltar para casa, e o
tempo amanheceu fechado e com uma chuva leve, que persistiu por boa parte de
nossa viagem de volta. Tomamos nosso café, carregamos as malas do carro e pouco
antes das 8:00 h já estávamos na estrada em direção a nossa casa, afinal são
pouco mais de 650 km e o plano era chegar em casa no meio da tarde.
Nossa viagem de retorno foi toda
feita pela BR-101, a partir do entroncamento com a BR-470 em Itajaí. Para nossa
surpresa, pegamos muito movimento e engarrafamentos gigantes na BR-470 no
trecho que cruza a região urbana de Blumenau. A estrada ali está claramente
estrangulada, esgotada, lotada de caminhões que descem em direção ao porto de
Itajaí, e os engarrafamentos acabam sendo inevitáveis e demorados.
Acabamos
chegando a Canoas as 17:00h, cansados e felizes por concluir com total sucesso
e segurança mais esta viagem onde rodamos no total pouco menos de 1.800 km, sem
absolutamente nenhum problema ou imprevisto.