"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor."

Amyr Klink

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

PARQUE DA CACHOEIRA, CANELA, JULHO DE 2014

   O Parque da Cachoeira -  http://www.parquedacachoeira.com.br/ - é uma área de lazer localizada no distrito de Eletra, tecnicamente São Francisco de Paula, mas muito mais próxima do município de Canela, na serra gaúcha.


    O local é conhecido como Passo do Inferno. O termo “passo” é muito comum na região e tem relação direta com as rotas de passagem dos tropeiros que seguiam do RS até a região sudeste conduzindo gado. Os “passos” marcavam pontos mais rasos onde era possível atravessar os rios.
Na década de 1930 o Passo do Inferno recebeu uma ponte construída em perfis metálicos, que hoje é sua identidade, sua marca registrada. Esta ponte facilitou o transporte da atividade de extração madeireira que foi durante muitos anos o “motor” da economia da região.

Ponte metálica do Passo do Inferno

   O acesso mais fácil ao Parque da Cachoeira é a partir do centro de Canela, seguindo pela RS-235 em direção a São Francisco de Paula por 7 km, para então entrar à esquerda num trevo sinalizado, seguindo mais 11 km pela RS-476 até a Ponte de Ferro do Passo do Inferno, local onde está localizada a cachoeira do Rio Cará e o parque.  Este último trecho na RS-476 não é pavimentado, mas com calma e velocidade adequada pode ser percorrido sem problemas por qualquer tipo de veiculo.

   Em julho de 2014 estivemos visitando e nos hospedando lá durante um final de semana. O parque oferece cabanas e apartamentos, a maioria com lareira ou fogão a lenha, além de uma ampla e bem arborizada área para camping para os mais aventureiros, com churrasqueiras e muita sombra. A dica é no ato da reserva solicitar uma das cabanas com vista para o vale e a cachoeira, como fizemos. Vale muito a pena.

Cabanas do Parque da Cachoeira

Muita sombra, mesinhas e churrasqueiras ao ar livre também são uma ótima opção para passar dia

   Bem em frente às cabanas foi construído um mirante coberto que é sensacional e oferece uma visão impar do vale, da cachoeira do Rio Cará e da ponte de ferro do Passo do Inferno. Um convite à contemplação da natureza e de curtir bons momentos de silêncio e tranquilidade.

Lá embaixo a Ponte do Passo do Inferno, vista do mirante

   O parque oferece ainda uma estrutura muito boa para o lazer, com trilhas bem demarcadas e seguras até a beira do Rio Cará e até a cachoeira, além de opções mais radicais como uma “mega-tirolesa” que cruza o vale de um lado a outro.

Tirolesa cruzando sobre o rio Cará

Pequenas quedas d'água nas trilhas pelo interior do parque

   Após nos instalarmos na cabana e prepararmos o almoço, saímos para as atividades da tarde de sábado. Nossa primeira trilha foi a descida, bem curta e tranquila, até a base da cachoeira do Rio Cará. Esta trilha proporciona uma visão muito bonita da cachoeira que dá nome ao parque.

Cachoeira do Rio Cará


    Na sequência, fomos até a administração do parque que fica junto à portaria de entrada e solicitamos informações e a chave para acesso à trilha que leva ao “Pico da Bandeira”. Agora sim a aventura ficou mais bacana e o esforço maior.

   A caminhada até o “Pico da Bandeira” se inicia junto à ponte de ferro, na margem do rio oposta à entrada do parque. Ali há uma porteira cadeada que dá acesso à trilha. Apesar de pouco utilizada, a trilha é bem demarcada e segura e não há risco de se perder. Após algumas dezenas de metros em meio à mata, saímos numa área de campo limpo, e agora a subida aperta mesmo! 

Lá em cima a bandeira...a subida até o topo é bem cansativa 

   Cada metro em frente parece interminável...e tome fôlego e vamos em frente. A subida parece não terminar nunca, mas ao se chegar lá em cima o visual recompensa todo o esforço. Do topo do Pico da Bandeira temos uma vista impressionante de toda a área do Parque da Cachoeira, da Ponte de Ferro, das montanhas e campos ao redor. Parece que tudo fica pequeninho, lá embaixo. 

Lá embaixo, a ponte do Passo do Inferno e as cabanas e apartamentos da pousada

Cachoeira do rio Cará, vista do Pico da Bandeira

   Passamos um bom tempo admirando tudo, curtindo o frio e o vento, antes de encararmos a descida de volta ao parque. Cruzamos a ponte de ferro sobre o Rio Cará já no finalzinho da tarde, com o sol se escondendo atrás das montanhas.

Fim de tarde sobre a ponte do Passo do Inferno

   De volta à cabana, o merecido banho bem quente (todas as cabanas tem sistema de aquecimento a gás da água), acender o fogo na “salamandra”, preparar o chimarrão e descansar. À noite o silencio é completo, e o friozinho perfeito para curtir o fogo na companhia de minha família. Uma boa garrafa de vinho encerrou com chave de ouro este momento de confraternização e descanso.

   Após uma noite de temperatura baixa mas cabana quentinha graças ao fogo da salamandra a lenha, iniciamos o domingo com o café oferecido pela pousada aos seus hóspedes. Servido em uma área junto à administração do parque, o café da manhã é básico, sem maiores luxos, mas suficiente.

   Após mais algumas caminhadas e curtirmos o Parque da Cachoeira mais um pouco, seguimos nosso passeio em direção a São Chico de Paula, onde planejávamos almoçar. No caminho, um rápido desvio para visitar a Barragem do Salto.

Barragem do Salto, São Chico, RS


    Em São Chico, almoçamos no tradicional Trattoria Pasta Nostra, nossa opção recorrente na cidade. Após o almoço, o indispensável passeio no Lago São Bernardo, que desta vez estava bem agitado e com muita gente aproveitando o sol e o dia de temperatura amena. Claro que assim, com muita gente e muitos carros (infelizmente alguns com o som “nas alturas”) o ambiente perde um pouco sua graça e tranquilidade. Não podemos dizer que a paisagem do Lago São Bernardo era calma e bucólica desta vez.

Passamos um tempo por ali, e como aquela definitivamente não era “nossa praia”, iniciamos a viagem de volta à região metropolitana de Porto Alegre, mais do que satisfeitos com o final de semana que passamos e as atrações que visitamos. 

terça-feira, 26 de agosto de 2014

CANELA, JUNHO DE 2014

   Em Junho de 2014 aproveitamos uns dias de folga para visitar Canela durante a semana, fora de época, o que nos possibilitou curtir muito mais a cidade e suas atrações.

Catedral de Canela, atração turística mais conhecida de Canela

   É impressionante como Canela, fora do tumulto dos finais de semana, é uma cidade calma e agradável, que convida a caminhar, passear, ou se entreter nos inúmeros restaurantes, cantinas, lancherias e cafés espalhados pela cidade. Tivemos experiências ótimas e fomos sempre muito bem atendidos em todas as situações nos quatro dias que ficamos por lá, coisa que eventualmente não acontece quando se visita a cidade em fins de semana, especialmente durante período de alta como férias de inverno ou durante o manjado “Natal Luz” em dezembro.

   A titulo de “destaque gastronômico” vale a pena citar o Bah Burguer - https://www.facebook.com/bahburguer/info , hamburgueria de primeira com decoração descolada e bacana, localizado próximo a rodoviária de Canela. Um dos melhores hambúrgueres que já comi, tudo artesanal (inclusive o pão que é produzido pelo próprio restaurante), a um preço bastante justo. Vale MUITO a pena pedir o hambúrguer “provoleta” com queijo provolone, embora as opções com queijo colonial serrano não fiquem nem um pouco atrás em sabor.

   Nossa estadia foi em uma pequena e charmosa pousada de um amigo nosso, a Pousada do Conde-


Localizada na Vila Suzana em meio à mata de araucárias, a pousada é uma excelente opção para quem busca descanso e sossego. O destaque fica por conta do café da manhã servido aos hospedes, quase um “café colonial”, e o melhor, tudo novinho e feito na própria pousada pelas dedicadas cozinheiras.


A chuva não convidava a sair dos chalés

    Uma dica bacana, se o clima contribuir, é aproveitar para fazer caminhadas nas ruas em torno da pousada. Durante nossa estadia o tempo esteve instável durante a maior parte do tempo e choveu bastante, mesmo assim no ultimo dia (é sempre assim....) o céu abriu e permitiu um rápido passeio no entorno da pousada.

Gostei demais desta casa de madeira

Casas & paisagens na Vila Suzana

   Para quem não se importa com buracos e estradinhas estreitas de pedra, e quer contato com a natureza, Canela tem muito mais do que as conhecidas atrações do centro da cidade. Aliás, é surpreendente o que existe de bonito para se ver andando pelas estradinhas do interior de Canela, tão próximo ao centro urbano da cidade. São atrações e paisagens que com certeza a quase totalidade das pessoas que visitam Gramado e Canela nem imaginam que existem. Quanto a nós, era justamente este tipo de atração e paisagens que estávamos em busca em nossos dias em Canela.

Cenário típico nas estradinhas pelo interior de Canela

   Um dos lugares interessantes de visitar é a velha ponte de ferro sobre o Rio Cai. Este local já foi tema de outro post aqui no blog, onde há maiores informações:
O acesso pode ser feito a partir da estrada do Caracol, deixando o asfalto um pouco depois da Churrascaria Garfo e Bombacha e entrando a direita numa estradinha conhecida por “Estrada da Lageana”. Da estrada do Caracol até a ponte são 11km.

Nossa Tracker companheira de estrada sobre a Ponte do Rio Caí

A quantidade de chuva transformou pequenas quedas d'água a beira da estrada em belas cachoeiras

   No retorno à cidade, passamos pelo Castelinho Caracol, que infelizmente estava fechado. No “castelinho”, além de um pequeno museu, funciona uma casa de chá que serve o melhor apfelstrudel que já provei (embora o preço cobrado seja “para turista”, ou seja meio indigesto...).

Castelinho Caracol

   Enfim, fica a dica: vale muito a pena se programar para visitar Canela fora dos períodos de alta estação, podendo assim curtir com mais tranquilidade o que a cidade tem de mais bacana a oferecer.


quinta-feira, 3 de abril de 2014

URUBICI E SERRA DO RIO DO RASTRO, DEZEMBRO DE 2013, 3º DIA

3º dia, terça feira, 17 dez 13


   Terça feira, dia de voltar para casa. O ultimo dia de nossa viagem amanheceu com tempo muito bom, céu claro e sem nuvens.
   O roteiro original do dia era deixar São Joaquim e seguir até São José dos Ausentes, cruzando a divisa dos estados de SC e RS por estradas não pavimentadas atravessando a região dos Campos de Cima da Serra, para depois seguirmos em frente até Cambara do Sul, São Francisco de Paula e Canoas, nosso destino final.

   Após um café da manhã simples deixarmos o hotel, fizemos algumas fotos da bonita igreja matriz de São Joaquim e pegamos a estrada. O tempo estava tão limpo e claro que decidimos arriscar e voltamos à Serra do Rio do Rastro na esperança de ver alguma coisa, afinal são apenas 55 km de estrada, quase nada para quem veio de tão longe.

A bonita igreja matriz de São Joaquim

   Apesar do tempo bom, temperatura amena e céu claro, ao nos aproximarmos do mirante da Serra do Rio do Rastro, novamente encontramos tudo encoberto por uma espessa neblina que não permitia ver nada.  Ok, valeu a tentativa.........sempre vale.

   Retornamos então em direção a São Joaquim até a pequena cidade de Bom Jardim da Serra, onde deixamos o asfalto para trás seguindo agora por estradinhas secundárias de terra e muita pedra em direção à divisa com o estado do RS e São José dos Ausentes.

Em direção ao RS

   De Bom Jardim da Serra à sede de Ausentes são 85 km de estradinhas sem pavimentação onde a media horária nunca é superior a 40 km/h. Por outro lado, mesmo que a estrada fosse asfaltada, não valeria a pena correr mais sob pena de perdermos detalhes das belas paisagens de campos e plantações de maçã.

Paisagens entre Bom Jardim da Serra e Ausentes


A colheita da maçã está se aproximando...

   Após percorrermos uns 30 km a estrada começa a descer em direção ao “passo” onde está localizada a ponte que faz a ligação entre os estados catarinense e gaúcho. E que ponte !


Exatamente sobre a fronteira geográfica entre SC e RS

   O estado de conservação da ponte não deixa duvidas de que estamos no coração de uma região esparsamente habitada onde o transito de automóveis e caminhões também é pouco comum. Obviamente paramos para registrar o momento e a paisagem, e ao cruzarmos para a outra margem do rio, estávamos novamente em solo gaúcho.

De volta ao RS !

   Seguindo em direção a Ausentes, passamos em frente à estrada que dá acesso à Pousada Fazenda Montenegro, onde está localizado o cânion do Montenegro. E já que estávamos ali, por que não tentar uma visita não programada ao cânion ?

 A partir da estrada que leva à sede da pousada o visitante segue por 3 km em uma estradinha bem agressiva e difícil para quem está com carro de passeio, mas perfeita para quem está de 4x4, cruzando por várias porteiras, atravessando alguns córregos para finalmente chegar próximo à borda do cânion.

Sede da Pousada Fazenda Montenegro

 E chegando mais próximo do cânion, desta vez sem surpresa constatamos que não conseguiríamos ver nada, pois a já conhecida neblina encobria completamente o cânion e os campos junto a sua borda. Mesmo assim, descemos do carro e caminhamos pelos campos, cuidando para não perder a orientação do caminho de volta ao carro em meio à neblina intensa, até chegarmos à borda do cânion.


Estradinha de acesso ao cânion do Montenegro. Ao fundo, a neblina que encobriu tudo e impossibilitou qualquer vista do cânion.

   Incrivelmente, na sede da Fazenda Montenegro, que fica a apenas uns 2 km do cânion, o céu era limpo e azul. Definitivamente visitar a região dos cânions durante os meses de verão é uma loteria, onde as chances de “vitoria” são bem pequenas.

   Retornando à estrada que leva a Ausentes, passamos pela pequena e abandonada vila do Silveira para no inicio da tarde finalmente chegarmos à sede de São José dos Ausentes, onde aproveitamos para fazer um merecido lanche e descansar um pouco antes de seguirmos viagem até Cambara do Sul. A distância de São José dos Ausentes a Canoas, nosso destino final, é de 240 km.

   O trecho entre Ausentes e Cambará do Sul é um velho conhecido meu. São 50 km de estrada de terra e muitas pedras. Um pequeno trecho de aproximadamente 10 km entre Cambara e a vila de Osvaldo Kroeff está asfaltado, porém no restante do trajeto, as muitas pedras e buracos ditam a velocidade da viagem. Menos mal que a paisagem única da região compensa qualquer esforço e no final das contas, mais uma vez agradecemos por a estrada nos forçar a andar mais devagar e nos oportunizar curtir em detalhes as paisagens dos Campos de Cima da Serra.

Na estrada, em algum lugar nos Campos de Cima da Serra

   Passamos direto por Cambará, afinal já conhecíamos bastante bem a pequena cidade que ademais não oferece nenhum atrativo turístico especial que não seja seus cânions, distantes da sede da cidade. Seguimos pela RS-020, agora asfaltada e em bom estado de conservação, até a localidade de Tainhas, onde paramos para descansar e tomar um saboroso café no tradicional Café Tainhas, ponto de parada obrigatório de todas nossas viagens à região.

   Voltando à estrada, seguimos até São Francisco de Paula, onde não podemos deixar de fazer uma visita rápida ao Lago São Bernardo.


Nosso valente companheiro de viagem, descansando junto ao Lago São Bernardo

   De São Chico em diante, estrada e estrada até Canoas, nosso destino final, onde chegamos no finalzinho da tarde.
   No total, rodamos em torno de 1.050 km nos três dias de nossa viagem. Visitamos uma das regiões mais bonitas do Brasil, vimos e fotografamos muita coisa bonita, serra, montanha, cascatas, cânions. Também vimos muita neblina, mas acima de tudo nos divertimos muito neste roteiro prá lá de interessante e que espero possamos repetir diversas vezes.


URUBICI E SERRA DO RIO DO RASTRO, DEZEMBRO DE 2013, 2º DIA

2º dia, segunda feira, 16 dez 13


   A segunda feira amanheceu promissora, temperatura amena, céu claro e sem nuvens, nenhuma neblina, o que indicava que teríamos condições excelentes em nosso passeio.
   O programa do dia era deixar Urubici, visitar o Morro da Igreja, seguir em frente descendo a Serra do Corvo Branco para então contornar pela parte baixa da serra, cruzando os municípios de Grão-Pará, Orleans e Lauro Muller para então subir novamente pela famosa Serra do Rio do Rastro, de onde seguiríamos até São Joaquim onde passaríamos a noite, num trajeto total de aproximadamente 210 km.

   Após um reforçado e saboroso café nos despedimos da Pousada das Flores. Desde fins de 2013, a visitação ao Morro da Igreja é controlada e é preciso obter antecipadamente uma permissão, que é concedida na sede do Parque Nacional de São Joaquim. A sede fica localizada na cidade de Urubici, bem próximo ao Banco do Brasil e Urubici Park Hotel, e atende todos os dias em horário comercial. 
   A permissão não tem custo e nos foi concedida em minutos, junto com algumas instruções de visitação ao parque. A medida tem por objetivo restringir o acesso excessivo de turistas principalmente em feriados prolongados, quando a pequena e estreita estrada de acesso ao Morro da Igreja acaba ficando congestionada e não há lugar para estacionar junto ao mirante no alto do morro.

   Após deixarmos Urubici, seguimos uma estrada de asfalto novo por 12 km até o acesso ao Morro da Igreja, de onde começa a subida de 15 km que leva ao alto do morro, onde está o mirante e a famosa Pedra Furada, a mais de 1800 m de altitude.

A caminho do Morro da Igreja, com tempo bom e céu azul

    À medida que subíamos em direção ao Morro da Igreja, uma surpresa: neblina, muita neblina!  Já na metade da subida estava claro que não veríamos nada lá em cima, o topo do morro estava completamente encoberto numa espessa nuvem de neblina. Mesmo assim seguimos, estacionamos o carro no alto do morro e curtimos o frio, o vento, o silencio e a neblina da montanha. A Pedra Furada estava lá............mas não vimos nada, fica para a próxima vez.

No alto do Morro da Igreja, visibilidade zero e muita neblina


    Na descida do morro visitamos a Cascata Véu de Noiva, que fica junto à estrada de acesso, em área particular. O acesso também é pago, algo como R$ 5,00 por pessoa.


   Saindo da estrada de acesso ao Morro da Igreja e virando à direita, seguimos então, agora por estrada de terra estreita e esburacada, por mais 15 km até a Serra do Corvo Branco.


    A Serra do Corvo Branco é uma espécie de “versão mais radical” da conhecida Serra do Rio do Rastro. Quando o visitante chega ao Corvo Branco, dá de cara com um “portal”, uma passagem, um imenso e impressionante corte em meio às rochas por onde passa a estrada.

O portal da Serra do Corvo Branco


   O corte, considerado o maior em rocha realizado no país, tem altura de 90 metros. Após o “portal”, há uma sequencia impressionante de curvas em um desnível extremamente acentuado. Este trecho, devido a sua dificuldade, foi pavimentado. Porém o restante da estrada é toda de pedra, muito estreita e obviamente sem qualquer tipo de proteção ou “guard rail” nas curvas.

Curvas acentuadas e em forte desnivel na parte mais alta da Serra do Corvo Branco

Apesar da dificuldade, caminhões madeireiros encaram a serra e suas curvas

   Após a descida do Corvo Branco, a condição da estrada piora de vez e se torna, para nossa surpresa, quase intransitável. Na verdade o trecho de estrada entre Grã-Pará e a Serra do Corvo Branco está em fase inicial de pavimentação, o que significa que em muitos trechos a estrada está sofrendo terraplenagem, aterro, desvios estão sendo construídos etc. 

Fim da pavimentação na "parte alta" do Corvo Branco. Daqui para frente, pedras e muitos buracos

   Por diversas vezes tivemos de dividir a estrada com motoniveladoras, caçambas e tratores. Alguns trechos estão quase impraticáveis, felizmente de 4x4 tudo fica mais tranquilo, mas se estivéssemos de carro de passeio normal, teríamos passado algum apuro. Este imprevisto nos atrasou bastante a viagem, e acabamos chegando a Grão-Pará quase na metade da tarde.

Apesar da dificuldade da estrada, as paisagens na descida do Corvo Branco compensam o esforço

    Já com fome, fizemos um lanche em um posto de combustível na cidade e seguimos em frente, cruzando uma região urbana composta pelos municípios de Braço do Norte, Orleans e Lauro Muller, seguindo em direção à SC-390, a conhecida estrada da Serra do Rio do Rastro.
   Esta travessia de cidades foi um anti-climax no nosso passeio, áreas urbanas, sinaleiras, transito pesado, são coisas que não combinam com férias e montanha, e tudo que eu queria era deixar para trás estas cidades e subir a serra novamente.

   Após a descida da região do Corvo Branco o tempo estava completamente aberto, céu azul e claro, nada de neblina. Foi com este tempo aberto e bonito que começamos finalmente a vencer os 7 km de subida que levam ao alto da Serra do Rio do Rastro e seus 1.420m de altitude.

Subindo a Serra do Rio do Rastro

   Surpresa nº 2 do dia....a medida que vencíamos as curvas e o GPS mostrava que ganhávamos altitude, a neblina, a mesma que vimos no Morro da Igreja, retornou com toda sua força encobrindo tudo ao redor. Nos quilômetros finais da subida já não era possível enxergar nada além do carro, visibilidade “zero”.

Chegando ao alto da Serra do Rio do Rastro

Neblina tomando conta da paisagem

   Paramos no mirante da Serra do Rio do Rastro para “admirar a paisagem”. A temperatura lá em cima era de 16ºC e para nossa surpresa, enquanto tomávamos um café quente na lanchonete do mirante, começou a chover. Chuva, neblina e vento forte, que combinação ! Sem muito mais a fazer, tiramos algumas fotos, e voltamos ao carro para seguir em direção a nosso destino final, São Joaquim.

Neblina encobrindo tudo no mirante da Serra do Rio do Rastro

Esta era a paisagem que queriamos ver

Além de neblina, friozinho e um "agradável" chuvisqueiro

    A serra e os cânions são um ambiente único e imprevisível para quem não está acostumado a seu clima mesmo....deixando o mirante do Rio do Rastro para trás, em poucos quilômetros a neblina sumiu completamente e o tempo abriu. Seguimos por mais 55 km até a cidade de São Joaquim.
   No caminho, uma parada para admirar e fotografar a bonita cascata localizada à margem da estrada.


   A pequena São Joaquim  - http://turismo.saojoaquim.sc.gov.br/ - é uma cidade que aparentemente já viveu dias melhores. Embalada pelo frio e pela frequentes quedas de neve no alto do inverno, São Joaquim viveu uma época de bastante projeção turística que trouxe algum desenvolvimento à cidade.

   A cidade, que durante muito tempo foi anunciada como a “mais fria do Brasil”, hoje porém aparenta viver um período de declínio, os hotéis são os mesmos que conheci quando visitei a cidade pela primeira vez, no distante 1996, porém hoje estão mais velhos. A manutenção e as necessárias reformas não vieram com o tempo. As praças e o cuidado visual com a própria cidade vão nesta mesma linha. Hoje, São Joaquim é basicamente uma pequena cidade serrana que vive da safra da maçã e de algum fluxo de turismo nos meses de inverno.

   Nos hospedamos no Incomol Park Hotel - http://hotelincomol.com.br/, situado na entrada da cidade junto a estrada que leva a Lages. Como dica, escolher sempre os quartos dos fundos, pois os da frente ficam junto à estrada e expostos ao barulho do transito constante de caminhões e ônibus. Os quartos dos fundos são bons, limpos e absolutamente impessoais na decoração. Os quartos tem calefação e chuveiro a gás, o que garante algum conforto e nos proporcionou um belo e demorado banho após um longo dia de estrada.

   Para nosso jantar, após rodarmos um pouco pela cidade e avaliarmos as opções disponíveis, decidimos pela que nos pareceu ser a melhor opção, o restaurante Vento Minuano Grill. A escolha foi 100% acertada, o buffet de massas e grelhados estava excelente, e com acompanhamento de uma boa taça de vinho, foi a recompensa e o brinde pela viagem e pelas aventuras vividas até aqui. Amanhã seguimos para São José dos Ausentes, e de lá para casa.