Antonio Prado, distante 180 km da
capital Porto Alegre e 50 km de Caxias do Sul, se denomina a “Cidade Mais
Italiana do Brasil”.
Frases de efeito e slogans
marqueteiros à parte, o fato é que a pequena cidade de Antonio Prado, encravada
nos altos da Serra Gaucha a 650m de altitude e com população de 12.800 hab
(2010), tem como seu maior atrativo o conjunto de construções históricas
tombadas pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
desde a década de 1990.
E foi para conferir as
construções históricas e absorver um pouquinho da cultura dos imigrantes que
subi a serra e fui conhecer Antonio Prado.
Um pouco sobre as origens do município de Antonio Prado:
Simão
David de Oliveira foi o primeiro cidadão que, por volta de 1880, se estabeleceu
na margem direita do Rio das Antas. Viera a pé de São Paulo, penetrando no
território gaúcho por Vacaria. A seguir, desceu até o
Rio das Antas, donde prosseguiu caminho até encontrar um lugar aprazível para
construir seu rancho. Era o único trecho de terras planas, junto a foz do Rio
Leão e do Arroio Tigre, por onde depois, em princípio de 1886, foi aberta a
primeira picada que dava acesso a nova colônia italiana chamada Antônio Prado.
Essa picada conhecida como Passo do Simão teve seu nome escolhido em homenagem
a Simão David de Oliveira.
Antônio
Prado foi a sexta e última das chamadas "antigas colônias da imigração
italiana", e foi fundada em maio de 1886. Apartir daí, criada a nova
colônia, começaram a ser destinadas verbas públicas para abertura de estradas,
construção de balsas, medição de terras, construção de barracões, transporte e
acolhimento dos colonos.
Apesar
dos importantes acontecimentos políticos pelos quais o país passava, como a
proclamação da República e a Revolução Federalista em 1893, não houve
interferência no processo de implantação de imigrantes em terras devolutas e
cobertas de matas da Serra do Rio das Antas.
A
revolução de 1893, agitando violentamente quase todos os recantos do estado,
pouco podia interferir numa colônia recém-fundada, alcandorada entre paredões,
sem estradas, animais de transporte e sem outros recursos econômicos, humanos e
financeiros.
Deixando
de lado as agitações políticas que abalavam o país, a inspetoria e as comissões
de medição de lotes e as de terras e colonização, prosseguiram seu patriótico
trabalho de estabelecer mais de mil famílias no território do atual município
de Antônio Prado.
Para se chegar a Antonio Prado a
partir de Caxias do Sul, o caminho natural é seguir pela RS-122 por estrada
asfaltada e bem conservada.
Eu optei por um caminho
diferente, muito mais interessante e longo, perfeito para quem está a passeio,
sem pressa de chegar ao destino.
A partir da RS-453 ou “Rota do Sol”,
próximo ao acesso aos pavilhões da Festa da Uva, entra-se à esquerda para
seguir pelo roteiro chamado de “Caminhos da Colonização” - http://www.floresdacunha.com.br/turismo.php?c=50
- cruzando as regiões rurais de Caxias e Flores da Cunha, passando pelas
localidades de Santa Justina, Otavio Rocha e outros até sairmos na estrada que
nos leva ao pequeno município de Nova Padua.
Por este caminho, passamos por
pequenas igrejas e capelas, singelos capitéis à beira da estrada, fazendo
lembrar da fé e religiosidade do imigrante italiano, e como não poderia deixar
de ser , muitos parreirais, por todos os lados.
Como estamos em pleno inverno, os
vinhedos estão secos, e o visual é completamente diverso do que se veria
durante o verão quando o verde volta e os cachos de uva brotam impregnando o ar
com seu inconfundivel aroma. É um passeio que sem sombra de dúvida vale a pena
refazer durante a época da vindima, da colheita da safra da uva, nos meses de
janeiro e fevereiro.
Em Nova Pádua a dica é o almoço
no Restaurante Panoramico Belvedere Sonda, onde se tem uma maravilhosa vista do
Rio das Antas. O cardápio é o tradicional “almoço colonial italiano”, ou seja
massas, polenta, queijos, copa, galeto, costelinha de porco, saladas, etc etc.
O caminho segue agora descendo as
encostas da serra em direção ao Rio das Antas por uma estradinha de terra
estreita mas bem conservada até o “passo” onde cruzamos o rio conduzidos por
uma pequena e inusitada balsa movida pela força do braço humano e auxilio de
alavancas e cabos de aço, nos proporcionando uma travessia tranquila e
deliciosamente silenciosa pela ausência completa de ruido de motores.
Uma vez na outra margem do rio,
segue-se subindo por 7 km de estradinha de terra até a pequena cidade de Nova
Roma, passando no caminho pelo mirante da Usina Hidreletrica Castro Alves.
De Nova Roma segue-se por mais 28
km de estrada nova de aslfalto até finalmente chegarmos ao destino final, a
cidade de Antonio Prado.
A cidade de Antonio Prado em si é
bastante pequena e calma, e as atrações estão concentradas basicamente em
algumas quadras da avenida principal e no entorno da igreja matriz. Portanto, a pedida é estacionar o
carro e percorrer a pé a avenida principal admirando as construções históricas
tombadas e de modo geral muito bem preservadas e mantidas.
Para hospedagem, existe dois hotéis
na avenida principal, e mais algumas pousadas em estilo “pousada rural” no
interior do município.
Eu optei pelo Hotel Pradense - http://www.hotelpradense.com.br/,
excelente opção em termos de custo x beneficio, limpo, aconchegante, e
suficientemente confortavel, sem luxos. Os quartos do sótão tem um “charme a
mais”...e vale a pena pedir por um ao se registrar com o atencioso pessoal da
recepção.
Devidamente instalado, hora de
explorar a cidade com a câmera na mão em busca das melhores imagens do casario
colonial. Muitos destaques, muita coisa bonita para fotografar.
A igreja matriz:
A prefeitura municipal;
As belas construções históricas:
A Casa Palombini, que abriga uma
farmácia, é uma das poucas construções históricas construídas em alvenaria;
Em cada casa, uma placa contando
um pouco da história por trás das paredes centenárias;
Esta é provavelmente a mais
conhecida e certamente uma das mais bonitas, Casa Bocchese ou “Casa da Neni”,
onde hoje no piso térreo há uma pequena loja de artesanato local que vale a
pena conhecer e claro levar umas lembrancinhas.
A “Società del Mutuo Soccorso”, pioneira
espécie de instituição de apoio ao imigrante;
Esta é uma das que mais gostei;
Finalmente, saindo de Antonio Prado em
direção à RS-122 vale a pena percorrer outro caminho alternativo, chamado de
“Caminhos da Imigração”, onde cruzamos com mais exemplares de construções da
época da colonização da região, encerrando com chave de ouro o fim de semana na "Cidade Mais Italiana do Brasil".