"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor."

Amyr Klink

segunda-feira, 26 de julho de 2010

CASCATA DOS BUGRES, SANTA MARIA DO HERVAL, DEZEMBRO DE 2009

A pequena cidade de Santa Maria do Herval está localizada na encosta da serra, e fica distante em torno de 80km da capital Porto Alegre, em meio a uma região montanhosa e de marcante colonização alemã.

O acesso a Santa Maria do Herval pode ser feito de duas maneiras, a mais obvia pela BR-116 a partir de Porto Alegre, seguindo até Morro Reuter e desta cidade entrando à direita na RS-373, uma estrada de asfalto novo e pouco transito, que leva até a cidade de Sta.Maria do Herval, 14km após o acesso na BR-116.

O outro caminho, menos obvio e bem mais divertido e bonito, é seguir pela BR-116 até o acesso à rota conhecida como “Caminhos da Colônia”, que inicia pouco após o Shopping Portal da Serra, pouco depois do pórtico de acesso à cidade de Ivoti. É claro que este era o caminho escolhido.

Por este caminho, vamos percorrer a colônia dos municípios de Dois Irmãos e Morro Reuter, cruzando pela localidade de Picada Verão e passando em frente a belos sítios e casas antigas onde o estilo predominante é o conhecido enxaimel típico das áreas de colonização alemã.


Por este caminho passamos em frente ao Sitio da Família Lima - http://www.reservafamilialima.com.br/ - , conhecida área de lazer da região com camping e cascatas para banho, e seguimos por estradas de chão e muita área de mata fechada, até reencontramos o asfalto da RS-373 na localidade de São José do Herval, onde além da belíssima igreja de pedra temos também como atração e opção para um bom almoço o Restaurante Colonial Kieling - http://kieling.blogspot.com/ .

Seguindo em frente pelo asfalto e chegando a Santa Maria do Herval, uma atração imperdível é a visita à Cascata dos Bugres, que tem acesso fácil mas infelizmente não sinalizado a partir da estrada principal. Como a estradinha de acesso à cascata estava gravada no GPS, tudo ficou muito fácil.
Além de uma bonita atração para fotos e um bom recanto para descansar em harmonia com a natureza, a Cascata dos Bugres é também procurada pelos adeptos do Rapel.

Saindo da Cascata dos Bugres e voltando ao centro da pequena cidade de Santa Maria do Herval, uma outra atração interessante é a igreja matriz obviamente localizada na praça central.

Outra atração de interesse na cidade é a Barragem e Usina Hidrelétrica do Herval. Construída em 1941 e atualmente operada pela CEEE, a usina faz parte do Sistema Salto de Geração de Energia, composto ainda pelas barragens da Divisa, Blang e Salto no município de São Francisco de Paula e pela barragem e usina dos Bugres em Canela.


Por um acesso estreito, íngreme e muito escorregadio que começa ao lado da barragem, descemos passando ao lado dos tubos de condução que levam a água da barragem até as turbinas lá em baixo.

Seguindo em frente cruzamos por trás da Cascata do Herval com seus 120m de queda d’água, de onde somos recompensados com visões privilegiadas do cânion formado pelas montanhas e pela cascata.
Lá em baixo, no fundo do vale, corre o Rio Cadeia em meio às pedras e fica também localizada a “casa de máquinas” da usina, onde estão instaladas as turbinas responsáveis pela geração de energia elétrica.


segunda-feira, 19 de julho de 2010

NOVA PETROPOLIS, NOVEMBRO DE 2009

Em novembro de 2009, fiz uma visita rápida à cidade serrana de Nova Petrópolis, distante cerca de 90km de Porto Alegre com acesso via BR-116 , no roteiro conhecido como “Rota Romantica” pela beleza da estrada repleta de curvas, e pelas diversas opções de cafés coloniais e restaurantes ao longo da estrada.

Na localidade de Picada Café, já na subida da serra, uma parada para fotos junto ao belo moinho que hoje serve de sede do Parque Municipal Jorge Kuhn.

Alguns quilômetros adiante e finalmente chegamos a nosso destino. Localizada a 800m de altitude e inserida na chamada “região das Hortênsias” que inclui ainda as famosas Gramado e Canela, Nova Petrópolis é uma típica cidade do interior e guarda de forma muito preservada e original as influências da cultura alemã. É obviamente uma cidade com forte vocação turística porém muito menos influenciada e alterada por este do que suas vizinhas Gramado e Canela. Também é a menos movimentada, representando uma excelente opção para quem quer fugir da movimentação e agito.

Um pouco da historia e das origens de Nova Petrópolis:

A colonização de Nova Petrópolis iniciou em 7 de setembro de 1858 principalmente por imigrantes alemães provindos do “Hunsrück” no Reno (pomeranos, saxões, westfalianos, prussianos e bávaros) e do Império Austro Húngaro, sendo que cada família recebeu aproximadamente 50 hectares dos 35 mil hectares demarcados para serem distribuídos ao longo de “Linhas” ou “Picadas”.

Já na própria fundação a cidade apresentava uma planta do traçado das ruas, praça e prédios futuros. Fato nada comum para época, onde as cidades se formavam de agrupamentos de casas. Além da colonização alemã o município recebeu imigrantes italianos da região do Vêneto, holandeses, franceses e belgas. Estes imigrantes na maioria eram artesãos, mas vieram para viver do trabalho da terra, gerando uma situação estranha, pois a comunidade agrícola tinha raízes urbanas.

A origem comum e as dificuldades favoreceram o surgimento de inúmeras sociedades, sendo principalmente de canto, dança e tiro. A origem particular dos imigrantes e a distância de centros mais desenvolvidos contribuíram para que a população conservasse suas tradições até os dias de hoje em festas como o Kerb, Bailes do Tiro Rei e Bolão e o Festival do Folclore.
A falta de escolas obrigou os imigrantes a criarem sua própria estrutura educacional, onde o ensino era ministrado por pessoas escolhidas pelos colonos e em língua alemã. Destes movimentos comunitários surgiram escolas como a Escola Cenecista Frederico Michaelsen e a Escola Cenecista Bom Pastor, ambas ainda em funcionamento.

Além da influência germânica podemos encontrar a influência dos tropeiros que atravessavam a colônia com seu gado com destino aos Campos de Cima da Serra. Incorporando à de Nova Petrópolis o seu churrasco e o chimarrão, além da cultura italiana da qual herdamos vários pratos típicos.

O nome “Nova Petrópolis” se deve a analogia feita por D. Pedro II (Nova Cidade de Pedro) a cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro.
O municipio de Nova Petropolis alcançou sua emancipação política em 28 de fevereiro de 1955.
Durante o século XIX as estradas “Presidente Lucena” e “São Sebastião do Caí”, e em 1940 a BR 116 (Getúlio Vargas) e a RS 235 contribuíram para o desenvolvimento da região.

Fonte: site de Nova Petrópolis - www.novapetropolis.rs.gov.br/home.php

A cidade oferece diversas opções de gastronomia e hospedagem para receber muito bem o turista. Para aqueles que procuram por um autentico e delicioso café colonial, o endereço certo é o Opa’s Kaffeehaus - www.cafecolonialopas.com.br – que além do excelente café típico ainda brinda seus clientes com uma vista maravilhosa. Não deixe de tentar uma das mesas junto à varanda envidraçada para poder desfrutar da vista dos vales e colinas da serra.

Como estávamos em novembro e o dia estava quente e ensolarado, a opção mais interessante de almoço não era exatamente um café colonial. Segui direto para o Restaurante Biergarten - www.novapetropolis.rs.gov.br/int_gastronomia.php?id=99 - localizado no interior do lindo Parque Aldeia do Imigrante.

Uma boa opção é pedir alguns Kartoffelküchelchen (Bolinhos de Batata), que fazem um acompanhamento perfeito para o maravilhoso chopp artesanal servido ali. Nem pense em ir a Nova Petrópolis e não provar ao menos um caneco do chopp artesanal do Parque !

O Parque Aldeia do Imigrante oferece ainda um número imenso de atrações e por si só já vale um passeio a Nova Petrópolis. Na praça coberta em frente ao Biergarten, aos finais de semana sempre rola uma bandinha típica alemã embalando o pessoal a dançar com suas animadas marchinhas.

No interior do parque temos ainda muito artesanato bonito, muito verde, trilhas para caminhada, um lago com pedalinhos e a atração maior que é a Aldeia Histórica Alemã, uma reprodução do que seria uma típica comunidade da época da colonização alemã.
O estilo predominante das construções é o conhecido enxaimel, sendo as casas e mesmo a linda igreja originais da época, tendo sido desmontadas de seus locais de origem na colônia e transferidas para o parque.

Além da maravilhosa igreja, temos a escola, a casa do professor, a ferraria, um pequeno museu e até um cemitério, apropriadamente localizado ao lado da igreja. Tudo muito bonito, bem cuidado e autentico.


Após a caminhada pelo Parque Aldeia do Imigrante, segui para o motivo principal desta minha visita a Nova Petrópolis, e uma das minhas grandes paixões – os automóveis antigos. Nova Petrópolis sedia tradicionalmente durante o ano diversos eventos do calendário do antigomobilismo, e dentre eles o destaque era o Encontro SulBrasileiro de Automóveis Antigos que estava acontecendo no Parque de Exposições da cidade.
Muitos carros de diversas cidades do RS, muitos também do Paraná, São Paulo, enfim, um rico acervo de atrações capazes de prender a atenção dos fãs dos carros clássicos por horas a fio.

Atrações como as duas gerações de Karmann Ghias, lado a lado.

O bonito Corcel GT.
Os sempre imponentes Mavericks.

Picapes dos anos 50.


Um maravilhoso Charger RT , o mito entre os “muscle-cars” nacionais.

Uma bela pick-up Ford F-100 dos anos 60.

E até um singelo Fusca caracterizado como táxi de época.

E muito, mas muito mais.............enfim, carros clássicos das mais diversas procedências, estilos, épocas. Também a tradicional “feira de pulgas” ou seja peças, revistas, manuais e todo tipo de objeto relacionado ao universo do antigomobilismo.

No retorno para casa, as espetaculares paisagens de uma tarde de sol na “Rota Romântica”.

sábado, 17 de julho de 2010

CAMINHOS DE PEDRA, BENTO GONÇALVES, OUTUBRO DE 2009

Em outubro de 2009, subimos a serra em direção a Bento Gonçalves com o objetivo de percorrermos a rota turística conhecida como Caminhos de Pedra - http://www.caminhosdepedra.org.br/ -, um dos mais conhecidos passeios da região de Bento Gonçalves e que leva à colônia São Pedro, no interior do município. O interesse obviamente estava em mergulhar em pouco da história da colonização italiana, através das construções típicas e dos estabelecimentos que constituem o roteiro.

O caminho mais fácil para chegar até o Caminhos de Pedra é a partir da RST-470, de onde após o acesso a Garibaldi deve-se entrar à direita na estrada que leva a Farroupilha, e em torno de 6km depois entrar à esquerda no acesso que leva ao roteiro Caminhos de Pedra. Parece complicado mas felizmente os acessos são bem sinalizados e não tem como se perder.

O roteiro de sete quilômetros passa por 28 construções em pedra e madeira, formando um cenário que remete à região norte da Itália. São moinhos, casas de massas, teares, moinhos de erva-mate, cantinas e capelas. Nos estabelecimentos ao longo do caminho há ofertas de produtos coloniais, como queijos, salames, conservas, doces, iogurtes, massas e vinhos artesanais, mate para chimarrão e produtos à base de leite de ovelha.

Um pouco sobre a história do projeto "Caminhos de Pedra" e da região:

“O roteiro Caminhos de Pedra visa resgatar a cultura que os imigrantes italianos trouxeram à serra gaúcha desde 1875.
O projeto surgiu a partir de um levantamento do acervo arquitetônico de todo o interior do município de Bento Gonçalves, realizado no ano de 1987. Constatou-se então que o Distrito de São Pedro, composto por 7 comunidades, (São Pedro, São Miguel, Barracão, São José da Busa, Cruzeiro, Santo Antonio e Santo Antoninho) possuía o maior número de casas antigas, conservava sua cultura e história, tinha acesso fácil e, conseqüentemente, um grande potencial turístico, apesar da decadência e abandono por que passou na década de 1960-70 com a mudança de traçado da rodovia que ligava Porto Alegre ao norte do estado.
Esse precioso acervo material, parcialmente abandonado e esquecido, exigia uma ação rápida para não ter a mesma sorte de tantas e tantas casas de pedra, madeira e alvenaria que acabaram ruindo ou sendo demolidas. ”

Após um farto almoço no Ristorante Del Fillipi – localizado na RST 470 km 221, em Garibaldi, pouco antes do trevo de acesso ao vale dos Vinhedos – seguimos para o Caminhos de Pedra.

Logo no inicio da estrada uma bonita atração é a Destilaria Busnello - http://www.destilariabusnello.com.br/ . Construído na década de 1960 sob a forma de um castelo, abriga as instalações da que é a primeira destilaria de "malt whisky" do Brasil. Sua arquitetura foi inspirada no "Castelvecchio" da cidade vêneta de Conegliano.

Pouco adiante temos o conhecido e movimentado restaurante Nonna Ludia - http://www.nonaludia.com.br/ , bonito e bem cuidado, mas aparentando um pouco “produzido demais” para receber principalmente os turistas clientes das agências de turismo em seus passeios pela região. O grande número de carros, vans e microonibus e a visível agitação do lugar não nos pareceram nada convidativos para quem, como nós, privilegia a tranqüilidade na hora das refeições.

Mais à frente, outra bela atração histórica é o Moinho Bertarello localizado às margens do pequeno arroio Buratti.

Seguindo pela estrada, após o moinho Bertarello passamos pelo monumento “Pedra do Sol” e cruzamos o pontilhão saindo da estrada principal à esquerda, para visitarmos a Casa Merlin, considerada a maior casa de pedra de toda a região. Conta com 43 aberturas, 3 pavimentos e um total de 400 m2 de área construída. No período de apogeu da Linha Palmeiro as casas eram grandes e expressavam a prosperidade da família. Observando a casa Merlin, com toda sua imponência, fica claro perceber que foi moradia de uma próspera família.


Mais à frente, o roteiro Caminhos de Pedra nos reserva outras atrações como a Casa do Artesanato e Casa das Massas, a Casa da Erva Mate, a Cantina Strapazzon e a Vinícola Salvatti & Sirena - www.salvatisirena.com.br/salvati - , dois lugares abertos à visitação e onde o visitante pode conhecer um pouco do processo de produção dos vinhos, degustar copas, queijos, salames e é claro os vinhos produzidos.



A Salvatti & Sirena também oferece um bem elaborado almoço típico baseado em pratos tradicionais da colônia italiana como queijos, copas, salames, radicci com bacon, polentas, fortaias, pães caseiros, tudo é claro acompanhados por um bom vinho ou suco de uva.

Outro ponto de destaque pela beleza da casa onde está instalado e também pelos pratos que serve é o Restaurante Casa Vanni.

Localizado numa casa de madeira com porão de pedras, construída em 1935, o restaurante serve pratos à base de massas no porão de pedras enquanto o 1º piso foi destinado para uma área de cafeteria e venda de artesanato. Como já havíamos almoçado, ficará para uma próxima vez experimentar os muito bem recomendados pratos da Casa Vanni. De toda forma, fica aqui a dica gastronômica aos visitantes do Caminho de Pedra.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

CAMPOS DE CIMA DA SERRA, CÂNIONS EM CAMBARA DO SUL, MAIO DE 2009

Roteiro: São Francisco de Paula, Passo da Ilha, Passo do S, Jaquirana, Cascata dos Venâncios, Cambará do Sul, Cânion da Fortaleza, Lajeado das Margaridas, totalizando 620km de estrada medidos no GPS.

No feriado do dia 1º maio de 2009, sexta-feira, peguei mais uma vez a estrada em direção a uma das paisagens mais fortes e impressionantes do nosso estado, a região dos Campos de Cima da Serra e mais especificamente os cânions em Cambara do Sul.
O passeio desta vez seria em “vôo solo”, pois não combinei nada previamente, montei o passeio no improviso mesmo e não houve tempo de convidar mais gente para ir junto.

Acordei cedo, peguei a mochila preparada na noite anterior, algumas roupas, água e alguma coisa para um lanche rápido, e às 6:00h da manhã já estava com o Vitara na estrada.
O destino inicial era a bela cidade de São Francisco de Paula, distante 160 km de Taquari. Este trecho inicial de deslocamento foi feito todo por asfalto, usando as estradas convencionais para chegarmos o mais cedo possível a São Chico, onde de fato a viagem e a diversão começariam.

Para minha preocupação e certa decepção, o dia amanheceu totalmente nublado, com o céu encoberto de um tom cinza, contrariando todas as previsões do tempo que anunciavam tempo bom e muito sol no feriado. Mesmo assim segui em frente, pois queria muito fazer este passeio e esta era a oportunidade.

Cheguei em São Chico em torno de 9:00h da manhã, e fiz a clássica parada no Centro de Informações ao Turista, que fica bem na entrada da cidade. Em seguida abasteci o Vitara e segui minha viagem, agora rumo à pequena cidade de Jaquirana, já nos altos dos Campos de Cima da Serra. A idéia era chegar lá utilizando ao máximo estradas secundárias de terra, passando pelos Passos da Ilha e do S, lugares maravilhosos que eu não visitava fazia muito tempo.

Saindo de São Chico, peguei a RS-110, conhecida na região por “caminho do meio”, que nos leva até o entroncamento com a estrada “Rota do Sol” na localidade de Várzea do Cedro, num trecho de 27 km.No caminho, muita pedra e muitas paisagens bonitas. Numa antiga ponte metálica no meio do caminho, encontrei um desvio e não resisti a tentação de atravessar o rio sobre as pedras, brincando um pouquinho com o Vitara dentro da água.

Seguindo adiante pela RS-110 e deixando para trás a Rota do Sol e a vila de Várzea do Cedro, pegamos a estradinha que leva ao Passo da Ilha, num acesso de 15 km por uma estrada muito esburacada e cheia de pedras, mas que recompensa plenamente o esforço pela beleza do lugar.
O Passo da Ilha é, como o nome diz, uma ilha onde existe um camping bem estruturado com banheiros, churrasqueiras, energia elétrica e um armazém onde se pode comprar o básico (carvão, lenha, lanches etc).

O acesso à ilha é feito cruzando o rio de carro, uma vez que não existe ponte no local. Na verdade a travessia é feita sobre um grande lajeado, de baixa profundidade e até automóveis de passeio podem cruzar tranqüilamente, desde que o rio esteja com seu fluxo normal de água.

Cheguei no Passo da Ilha às 11:00h. O lugar, absolutamente vazio, apesar do feriado. Aproveitei a parada para um lanche rápido e fiquei ali um tempo admirando a paisagem, tirando algumas fotos e caminhando um pouco enquanto meu jipe companheiro de viagem descansava um pouco.
Visita ao Passo da Ilha concluída, era hora de seguir viagem. Voltei para a estrada, cruzando novamente o rio na direção contrária ao ponto por onde chegamos, e segui adiante rumo ao Passo do S.

Alguns buracos, pedras e porteiras depois, cheguei ao Passo do S, onde é feita a travessia no rio novamente sobre um grande lajeado, obedecendo aos sinalizadores (balizas) que indicam onde é mais raso e a travessia pode ser feita com segurança. Acontece que este “caminho” marcado pelas balizas descreve um “S” perfeito sobre a laje do rio, daí o nome “Passo do S”.
Ainda no Passo do S, aproveitei para tirar mais algumas fotos e também para fazer uma rápida caminhada até a linda cachoeira do Passo do S, que fica algumas dezenas de metros rio abaixo do passo.

Deixando o Passo do S para trás, segui rumo a Jaquirana. Após uns 7 km de estrada de terra e pedras, reencontramos a estrada RS-110 que neste trecho é asfaltada e pouco movimentada, muito tranqüila. Mas o asfalto dura pouco (ufa !!!!) e alguns quilômetros adiante voltamos ao chão batido, seguindo em direção a Bom Jesus, até abandonarmos novamente a RS-110 no acesso à cidade de Jaquirana.

Em todo este trecho, a paisagem predominante são os campos limpos típicos do alto da serra, algumas fazendas, e muitas plantações de pinus e eucaliptos. Freqüentemente avistamos junto à estrada os mangueirões de pedra, antigos muros feitos em pedra encaixada e que eram usados para demarcar e dividir as propriedades.

A esta altura, o tempo surpreendentemente havia mudado completamente, e o céu nublado e cinza deu lugar a um azul intenso típico dos dias ensolarados de outono.
À medida que aproximamos de Jaquirana, a paisagem vai mudando radicalmente. Os campos limpos vão dando lugar a extensas áreas de florestas de araucárias. O caminho começa a se tornar mais sinuoso à medida que seguimos em frente, e logo começamos uma forte descida em direção ao Passo da Laje, local onde cruzamos o Rio Tainhas.

Após o Passo da Laje voltamos a subir novamente por uma estrada muito sinuosa até finalmente alcançarmos, às 14:00h, a pequena cidade de Jaquirana, esquecida em meio aos campos de cima da serra e ainda hoje sobrevivendo basicamente da atividade de extração madeireira.

Em Jaquirana, visitei o morro do Cristo Redentor, onde além de uma réplica em escala do famoso Cristo do Rio de Janeiro, temos também uma maravilhosa vista de toda a cidade e da região em torno. O detalhe é a escadaria que é preciso encarar para chegar lá em cima, mas tudo bem, mais uma vez o esforço é plenamente recompensado.
Depois, uma breve parada na praça central de Jaquirana para fotos da bonita igreja construída em madeira e colocamos de novo o pé na estrada, agora em direção a Cambara do Sul.

A idéia inicial do passeio seria pernoitar em Jaquirana mesmo, mas como acabei chegando lá mais cedo do que o previsto, e aliado ao fato de a cidade muito pequena não oferecer muitas atrações além daquelas que comentei acima, me fizeram mudar de plano e seguir para Cambara ainda na sexta-feira mesmo. Assim, poderia aproveitar melhor o sábado para visitar com bastante calma o cânion da Fortaleza, que era meu plano maior para o dia seguinte.

Saindo de Jaquirana em direção a Cambara, em poucos quilômetros a paisagem novamente muda e voltamos a andar em meios aos campos limpos do alto da serra. No caminho, não pude deixar de fazer uma rápida visita ao Cachoeirão dos Venâncios, lugar muito bonito que eu também já conhecia e havia visitado alguns anos antes.


O acesso à cachoeira mudou, e se antes era preciso seguir uma trilha no campo para chegar à beira do rio, agora o pessoal da fazenda abriu uma estrada (precária é verdade) até lá, facilitando em muito o acesso dos turistas.


O visual do cachoeirão em si estava um pouco prejudicado em função da forte seca que a região atravessa, o que fez com que o rio tivesse seu fluxo de água muito diminuído. De toda forma, a rápida visita valeu muito a pena, nem que seja pelo simples prazer de revisitar esta atração tão bonita da região.

Cheguei a Cambara em torno de 16:30h, e para minha surpresa, a pequena cidade estava completamente lotada de turistas. Fazia uns 03 anos que não visitava Cambara e não pude deixar de me impressionar com a mudança de perfil de quem visita a cidade. Muita gente bem vestida, muita gente endinheirada, jipões importados, até flats de alto padrão de luxo já tem na cidade, contrastando fortemente com a simplicidade e a cultura típicas do gaúcho dos Campos de Cima da Serra...Efetivamente o chamado “ecoturismo” está na moda. Como reflexo direto, todas as pousadas estavam lotadas, e tive bastante dificuldade em conseguir um lugar para passar a noite.

Finalmente após procurar em praticamente todas as pousadas da cidade, encontrei um quarto numa pousada bem simples, mas que me atendeu plenamente dentro do meu propósito que era simplesmente um chuveiro quente e uma cama para dormir.

A noite sai para jantar no excelente restaurante Galpão Costaneira, comida típica campeira, carreteiro de charque, feijão tropeiro, galinha caipira, tudo muito bom e ainda por cima acompanhado de um bom vinho tinto, e depois cama, pois o dia tinha sido bem puxado e a idéia era acordar bem cedo no sábado. Voltei para a pousada e após um rápido bate-papo com a atenciosa dona da pousada e alguns hóspedes, fui para a cama.

No sábado acordei cedo. O tempo estava simplesmente perfeito, o céu completamente azul, sem nenhuma nuvem, e às 7:30h já estava na cozinha tomando meu café. Arrumei a mochila, coloquei tudo dentro do jipe e às 8:00h parti para o Cânion da Fortaleza. Minha expectativa era muito grande, pois infelizmente nunca havia conseguido visitar o Fortaleza com tempo bom, sempre havia ou “serração”, ou tempo nublado, enfim sempre havia algo para encobrir a visibilidade do cânion.

Desta vez não, o tempo estava completamente limpo, a temperatura baixa, enfim todas as condições para uma visibilidade perfeita no cânion. Durante os 23 km que separam Cambara do Fortaleza, fui tirando fotos e admirando a paisagem encantadora das florestas de araucária preservadas.
Infelizmente temos também muitas áreas de plantação de pinus e eucalipto, contrastando fortemente com as florestas nativas da região.

Finalmente cheguei no Fortaleza às 9:30h, encostei o jipe e me pus a caminhar. Primeiro fiz a “Trilha do Mirante” onde numa caminhada de uns 45min pela borda do cânion se sobe até a parte mais alta, e lá do alto temos uma visão completa e impressionante do cânion. O tempo estava tão limpo que era possível ver nitidamente a cidade de Torres e o mar no horizonte, coisa rara de acontecer na Fortaleza.


Fiquei um bom tempo lá no alto, sentando e simplesmente contemplando esta verdadeira maravilha da natureza.



Definitivamente "ecoturismo" virou "moda", e ao descer da Trilha do Mirante, fiquei mais uma vez impressionado com a imensa quantidade de turistas lá...........

Desci do cânion e fui fazer a trilha da “Pedra do Segredo e Cachoeira do Tigre Preto”.


A caminhada pelo campo nos leva primeiro à cachoeira do Tigre Preto, onde cruzamos o arroio se equilibrando entre as pedras e seguimos em frente a trilha.

No caminho, temos a melhor visão da cachoeira, ficando de frente para a queda d’água num ângulo perfeito para excelentes fotos.

Como se não bastasse tanta coisa bonita para ver, na trilha da Pedra do Segredo ainda temos esta espetacular visão das paredes do Fortaleza.

Finalmente, a caminhada de pouco mais de 30min nos leva ao mirante de onde se pode admirar a "Pedra do Segredo", que é um bloco de pedra curiosamente apoiada em uma base de poucos centímetros, como se alguém a tivesse colocado ali “de pé” propositalmente.

Terminada minha visita às atrações do cânion Fortaleza, retornei à cidade de Cambara, curtindo as maravilhosas paisagens da estrada de acesso ao Canion Fortaleza.

Abasteci o jipe e resolvi então fazer o ultimo passeio da minha viagem, visitando uma atração que eu ainda não conhecia, um local conhecido como “Lajeado das Margaridas”, distante apenas 9km da cidade.
O acesso até lá é feito por uma estrada de chão inicialmente razoável, cruzando uma linda região de campos limpos e capões, tão tipicos dos Campos de Cima da Serra.

A medida que avançamos em direção ao Lajeado das Margaridas no entanto, a estrada se transforma numa verdadeira trilha de pedras entre os morros, com muitas subidas e descidas íngremes.

Finalmente o Lajeado das Margaridas.
Neste ponto, o rio Camisas forma um grande e largo lajeado sobre as pedras, onde é possível caminhar, ou mesmo nos dias de mais calor tomar um refrescante banho nas pequenas quedas d’água que se formam nas pedras.Novamente não resisti a tentação e aproveitei para brincar um pouco com o jipe andando dentro d’água, até encontrar um local mais raso onde encostei, tirei as
botas e sai para uma caminhada sobre o lajeado.

Apesar da água gelada, estava ótimo para caminhar sobre as lajes e aproveitei para tirar dezenas de fotos do local.

Pequenas quedas d'água na laje convidam para um refrescante banho, em dias de verão obviamente.


Para todo lado, natureza, lindas paisagens, silencio, tranquilidade, paz. Sim, o Lajeado das Margaridas ainda não foi "descoberto" pela massa de turistas que a cada feriado invade Cambará do Sul para visitar seus cânions, e aqui ainda é possivel comungar com a natureza em silencio.



Depois de algum tempo curtindo a beleza e o silêncio do Lajeado das Margaridas retornei à cidade de Cambará, cruzando novamente a estradinha de acesso ao lajeado e suas belas paisagens.

A cada curva uma imagem de cartão postal.

Como ainda tinha muito chão pela frente e queria evitar descer a serra à noite, parei em Cambará apenas para comprar dois potes de mel e fui para a estrada. Segui direto em direção a Tainhas, onde fiz um pequeno desvio da estrada principal para cruzar por dentro da abandonada e esquecida vila, com suas ruas de terra e casas de madeira.

Obviamente não pude dispensar a oportunidade de fazer uma parada estratégica no Café Tainhas para matar a fome com uma xícara de café com leite e um delicioso pastel de queijo serrano, simplesmente perfeito.

Descansei um pouco ali e segui minha viagem, passando rapidamente por São Chico, descendo a serra já quase anoitecendo e seguindo direto para casa, finalmente chegando em casa no municipio de Taquari às 20:00h, com o hodômetro do GPS marcando 620 km rodados em dois dias, cansado, empoeirado mas feliz pela aventura realizada e pelo passeio perfeito e sem problemas.